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Chineses são obrigados a trocar imagens de Cristo por Xi Jinping

Medida foi imposta por autoridades de comunidade rural no sul do país para que fieis "não dependam de Jesus, mas sim do Partido Comunista para a ajuda"

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 19h20 - Publicado em 14 nov 2017, 18h21

Uma comunidade rural do sul da China está obrigando os cristãos da região a retirar das suas casas os retratos de Jesus Cristo, cruzes e outros símbolos religiosos para substituí-los por quadros com a imagem do presidente Xi Jinping. Milhares de fieis da comarca de Yugan, parte da província de Jiangxi, seguiram a ordem das autoridades locais, que fizeram ameaças de cortar os benefícios econômicos destinados aos mais pobres, informou nesta terça-feira o jornal South China Morning Post.

“Muitos camponeses são ignorantes, acreditam que Deus é seu salvador, mas depois do trabalho dos líderes se darão conta dos seus erros e verão que já não devem depender de Jesus, mas sim do Partido Comunista para a ajuda”, destacou o presidente de uma das assembleias locais, Qi Yan, em entrevista à publicação. De acordo com o oficial, mais de 1.000 retratos do presidente chinês foram distribuídos pela região, que concentra cerca de 6.000 cristãos.

Pouco mais de 10% da população de Yugan é composta de cristãos. Uma proporção similar da cidade, que conta com mais de um milhão de habitantes, vive abaixo da linha da pobreza, apontam os dados oficiais. Yan alega que o moradores não são obrigados a excluir todos os ícones religiosos de casa. “Apenas pedimos a eles para que removam a imagem do centro de seus lares”, justificou o oficial, que adicionou que “eles ainda podem exibir os símbolos em outros quartos, mas o que requisitamos é que não se esqueçam de demonstrar em suas salas principais a gentileza do Partido”.

O foco das autoridades, segundo Yan explicou ao South China Morning Post, é esclarecer as medidas tomadas pelo Partido Comunista para o progresso e ensinar “o quão preocupado Jinping está com o bem-estar da população”. “Muitas famílias mergulharam na pobreza devido a doenças na família. Alguns recorreram acreditar em Jesus para encontrar a cura”, disse o oficial, para então concluir: “Tentamos dizer que a doença é algo físico, e quem realmente pode ajudá-los é o Partido Comunista e o secretário-geral Xi”.

Estima-se que a comunidade cristã na China seja maior que o número de filiados do Partido Comunista, que conta com 90 milhões de membros em suas fileiras. Durante o regime de Xi Jinping, líder alçado à posição de governante chinês mais poderoso em 40 anos no último congresso da sigla, houve um aumento da repressão do governo, fundamentado no ateísmo, contra crenças religiosas. A remoção de cruzes e outros símbolos cristão no leste do país foi acompanhada de medidas de limitação da fé islâmica no noroeste, sob a justificativa da luta contra o jihadismo.

(com EFE) 

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