PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

China propõe ensino de masculinidade para evitar troca de papéis de gênero

Governo pretende incrementar ensino de Educação Física e habilidades motoras, já que espera-se que os meninos chineses sejam líderes fortes

Por Da Redação
1 abr 2021, 13h04

O Ministério da Educação da China publicou planos para “cultivar a masculinidade” em meninos do jardim de infância ao ensino médio. A iniciativa envolve, entre outras frentes, a contratação e a formação de mais professores de Educação Física, mais avaliações da capacidade física dos alunos, a obrigatoriedade da educação em saúde e o apoio à pesquisa de temas como a “influência do fenômeno das celebridades da internet nos valores dos adolescentes”.

Tudo isso porque, tradicionalmente, espera-se que os meninos chineses sejam líderes fortes, tirem boas notas (especialmente na área de exatas e biológicas) e se destaquem nos esportes. O plano segue um aviso de um dos principais conselheiros políticos da China de que o país está passando por uma “crise de masculinidade” nacional.

“Os meninos chineses foram mimados por donas de casa e professoras”, disse Si Zefu em uma proposta de política feita em maio passado. Para ele, os meninos se tornariam “delicados, tímidos e afeminados”, a não ser que o governo fizesse algo.

Si Zefu escreveu que abordar a questão é uma questão de segurança nacional, alertando que a “feminização” dos meninos chineses “ameaça a sobrevivência e o desenvolvimento da China”.

As meninas chinesas são tradicionalmente vistas como menos intelectuais e espera-se que sejam menos competitivas. As normas de gênero estão enraizadas na filosofia tradicional, na qual dois elementos governam o mundo: as mulheres são associadas ao elemento mais suave e passivo do “yin”, enquanto os homens são representados pelo elemento mais forte e ativo de “yang”.

Continua após a publicidade

A preocupação da China com as proezas físicas de seu povo começou durante o “Século da Humilhação”, período de 1839 a 1949, quando o país foi repetidamente colonizado ou dizimado pelo Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e Japão. O Partido Comunista Chinês construiu depois a narrativa de que, sob sua liderança, o país se fortaleceu para resistir e vencer o Ocidente.

Mas os papéis de gênero estão mudando no mundo inteiro, inclusive na China, e o plano de “encorajar a masculinidade” acendeu um debate sobre estereótipos prejudiciais para homens e meninos.

Desde 2010, mais mulheres entraram nas universidades do que homens, e as elas regularmente os superam em testes padronizados – o que questiona a visão tradicional de que homens são melhores no meio acadêmico. A mudança até gerou um novo ditado popular: “Yin em prosperidade e yang em declínio.”

Continua após a publicidade

Além disso, a popularidade de cantores pop chinesas do sexo masculino que usam maquiagem e roupas andróginas influenciam a cultura jovem. Inspirando-se na cultura pop da Coreia do Sul, o K-Pop, as estrelas adotam o visual “estilo gentil”, mais suave de masculinidade, que contrasta com o padrão “durão”.

O aumento do poder econômico das mulheres e do feminismo também ameaçam ideias tradicionais de masculinidade, tendo mais liberdade de tomar iniciativas no âmbito de namoro e casamento e também no trabalho.

Contudo, a desigualdade de gênero na China é alta: no país de 1,4 bilhão de pessoas, há quase 37 milhões de homens a mais do que mulheres, consequência da preferência por meninos na política chinesa de filho único, que vigorou de 1979 a 2015, o que facilita a manutenção de uma visão conservadora de como homens e mulheres devem se comportar.

Continua após a publicidade

O governo proibiu em 2016 as representações de relacionamentos homossexuais na televisão chinesa, por exemplo. A lei proíbe “conteúdo vulgar, imoral e prejudicial à saúde”, embora a homossexualidade tenha sido descriminalizada em 1997. Nenhuma lei impede a discriminação com base na orientação sexual.

Em 2019, censores chineses começaram a borrar brincos e cabelos coloridos em celebridades masculinas que apareciam na televisão. O governo também excluiu cenas que retratavam a homossexualidade do filme “Bohemian Rhapsody”, sobre a banda de rock britânica Queen.

Por outro lado, a perspectiva de casamento entre pessoas do mesmo sexo está avançando, e cinemas chineses mostraram o primeiro beijo entre pessoas do mesmo sexo da franquia “Guerra nas Estrelas” (“Star Wars”).

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.