A China está se preparando para uma nova onda de infecções por Covid que pode chegar a 65 milhões de casos ao fim do pico previsto, no final de junho. O aumento ocorre cerca de seis meses depois que o país desmantelou sua ampla infraestrutura para lidar com a doença, incluindo bloqueios severos, testes em massa, quarentenas e usos rígidos de máscara.
Os dados da nova onda foram revelados pelo especialista em doenças respiratórias Zhong Nanshan em uma conferência médica nesta semana na cidade de Guangzhou, no sul da China. De acordo com a mídia estatal, ele disse ao público que a onda que começou no final de abril foi “antecipada” e que sua modelagem sugeria que a China poderia estar se aproximando de 40 milhões de infecções por semana. Até o final de junho, disse ele, o número semanal de infecções atingirá o pico de 65 milhões.
A mais recente variante do omicron, XBB, tem alimentado um ressurgimento de casos e a resposta do governo da China e do público é silenciosa. Entretanto, Zhong disse que o governo havia aprovado preliminarmente duas vacinas destinadas às subvariantes XBB e que outras poderiam ser aprovadas em breve.
“As pessoas se sentem diferentes sobre essa onda”, disse Qi Zhang, 30, que trabalha em uma empresa financeira na cidade de Tianjin, no norte do país, à NBC News. “Da última vez, todos ficaram apavorados, mas agora eles não acham que é grande coisa.”
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Em comparação, os Estados Unidos registravam mais de 5 milhões de casos por semana em seu pico, em janeiro passado. Várias versões das subvariantes omicron, incluindo XBB 1.5, XBB.1.16, também conhecido como “Arcturus” e XBB.1.9.1, circulam nos EUA desde dezembro e representam quase todas as infecções atuais no país. Porém, especialistas sugerem que os americanos já possuem um forte nível de imunidade contra a forma altamente transmissível do vírus.
Na China, de acordo com Wu Zunyou, epidemiologista-chefe do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, durante a primeira onda de ômicron, cerca de 80% dos 1,4 bilhão de habitantes do país foram infectados. Mas a imunidade pode ter diminuído nos meses seguintes, aumentando o risco de reinfecção.
Embora a onda atual da China não se iguale ao “tsunami” de casos ocorridos em dezembro e janeiro, especialistas ainda se preocupam com o crescimento de doenças graves. Os idosos e aqueles com doenças subjacentes ainda estão relativamente subvacinados e correm alto risco de desenvolver doenças graves.