China apoia Brasil após início de tarifaço de Trump: ‘Interferência interna irracional’
Pequim demonstrou apoio o governo brasileiro na "defesa dos seus próprios direitos" e na luta contra o "comportamento de intimidação" dos EUA

A China voltou a criticar o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. As taxas de 50% entraram em vigor nesta quarta-feira, 6. Em telefonema entre o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, e assessor especial da Presidência brasileira, Celso Amorim, Pequim demonstrou apoio o governo brasileiro na “defesa dos seus próprios direitos” e na luta contra o “comportamento de intimidação” do governo Trump.
A China também reiterou que rejeita a “interferência externa irracional” em decisões brasileiras, sem citar os EUA. O governo de Xi Jinping já havia saído em defesa do Brasil no mês passado, quando a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que “tarifas não devem se tornar ferramentas de coerção, intimidação, ou interferência em assuntos internos de outros países”.
“A igualdade soberana e a não interferência em assuntos internos são princípios importantes da Carta das Nações Unidas e também normas básicas das relações internacionais”, destacou Mao na ocasião.
No início de julho, Trump anunciou as tarifas de 50% sobre produtos do Brasil como retaliação à “caças às bruxas” do governo Lula e do Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Semanas mais tarde, sancionou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, através da Lei Magnitsky, usada para punir estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou de corrupção em larga escala.
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Cerco a Moraes
Para além da parte da história que envolve Bolsonaro, Moraes também virou alvo da Casa Branca devido ao que chama de “censura” a conteúdos publicados pela plataforma de vídeos online Rumble e da Trump Media, empresa do presidente Trump. Ambas acusam o ministro de violar a Primeira Emenda da Constituição americana, que garante a liberdade de expressão, ao ordenar a remoção de contas de influenciadores brasileiros de direita na plataforma. As remoções ocorreram no âmbito do inquérito das fake news do STF contra perfis que espalham desinformação.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, já havia anteriormente cancelado os vistos do ministro do STF, seus familiares e aliados. “O presidente Donald Trump deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos. A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, disse ele então.
Bolsonaro está inelegível por 8 anos, por duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral, por abuso de poder e uso indevido de meios de comunicação, ao atacar as urnas eletrônicas durante a eleição de 2022, sem provas concretas.
Em paralelo, em março, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal tornou por unanimidade o ex-presidente e mais sete aliados réus por tentativa de golpe em 2022, aceitando denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Ele também responde pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.