Chegada de imigrantes ilegais nos EUA pelo México cai pela metade
Foram registradas cerca de 3.700 entradas ilícitas em maio, uma redução de 54% em relação aos 8 mil diários de dezembro
A entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos pela fronteira sul do país, com o México, caíram pela metade em maio em relação ao recorde histórico de dezembro, quando cerca de 250 mil pessoas foram pegas tentando entrar no país. A informação foi divulgada nesta quinta-feira 23, pela emissora americana CBS, com base em “dados internos do governo”.
A Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos estimou uma média de 3.700 entradas ilícitas nos primeiros 21 dias deste mês, uma redução de 54% em relação à 8 mil entradas diárias em dezembro de 2023. As estatísticas preliminares do Departamento de Segurança Interna americano indicam que este será o terceiro mês consecutivo de queda, após as baixas de março (137 mil) e abril (129 mil).
Acredita-se que maio vai fechar com entre 110 e 120 mil travessias ilegais. As apreensões da Patrulha de Fronteira não abrangem os imigrantes processados nas passagens de entrada oficiais do país, nas quais foram admitidos 1.500 requerentes de asilo por dia, de acordo com o governo do presidente Joe Biden. Altos funcionários dos Estados Unidos, segundo a CBS, atribuem o freio às medidas restritivas implementadas pelo presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, mais conhecido como AMLO.
Papel de AMLO
Em entrevista à emissora americana, o secretário de segurança interna dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, afirmou que o declínio está relacionado a uma “série de ações”, incluindo o fortalecimento da fiscalização na fronteira, o cerco contra contrabandistas, bem como a criação de “caminhos legais que permitem que as pessoas que se qualificam para receber ajuda cheguem aos Estados Unidos de forma segura, ordenada e legal”. No entanto, ele não citou AMLO.
Já o investigador Ari Sawyer, da ONG Humas Rights Watch, vê como fundamental o papel do presidente mexicano na situação imigratória americana. Ao jornal britânico The Guardian, ainda no início deste ano, Sawyer disse que AMLO “tem estado muito disposto a negociar os direitos dos imigrantes e requerentes de asilo por capital político em Washington”.
A notícia da queda, com ou sem participação de AMLO, é bem recebida por Biden, que busca a reeleição nas eleições presidenciais marcadas para 5 de novembro. O democrata é alvo de críticas da ala linha-dura do Partido Republicano por supostamente facilitar a entrada de imigrantes irregulares. Espera-se que o ex-presidente americano Donald Trump, responsável por fechar a fronteira no seu mandato, utilize a questão contra o rival.