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Trump confirma morte do chefe Estado Islâmico em operação na Síria

Abu Bakr al-Baghdadi era um dos terroristas mais procurados do mundo; corpo do jihadista foi identificado por meio de teste de DNA

Por Da redação
Atualizado em 27 out 2019, 11h40 - Publicado em 27 out 2019, 09h25

O chefe do grupo terrorista Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, morreu em uma operação militar liderada pelos Estados Unidos no noroeste da Síria. A informação foi confirmada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, neste domingo, 27.

“Na noite passada, os Estados Unidos levaram o chefe terrorista número um do mundo à justiça. Abu Bakr al-Baghdadi está morto”, anunciou o presidente americano.

De acordo com Trump, o chefe do EI se suicidou, utilizando um colete com explosivos, em um túnel, em que era perseguido durante a ação conduzida pelas tropas americanas. A detonação ainda causou a morte dele e de três filhos. “Morreu como um cachorro, como um covarde”, atacou.

O presidente classificou a missão como “impecável” e “ousada” e afirmou que nenhum soldado americano foi morto, ao contrário do que aconteceu com membros do EI. Segundo Trump, o corpo do terrorista foi identificado 15 minutos depois, por meio de teste de DNA. 

A informação sobre a morte do terrorista já havia sido adiantada pelas emissoras americanas CNN e ABC e pela agência Reuters. No Twitter, na madrugada, Trump anunciou, sem dar mais detalhes, que “alguma coisa muito grande” havia acabado de acontecer.

Trump se dirigiu aos governos de Turquia, Rússia, Síria, Iraque e também às lideranças curdas, pela aliança que possibilitou a localização de Al Baghdadi. Além disso, parabenizou os integrantes das forças especiais e também os serviços de inteligência americanos, por uma operação que classificou como “muito perigosa”.

No seu auge, o EI controlou vastos territórios no Iraque e na Síria, onde proclamou um califado marcado pela imposição brutal de uma versão puritana do Islã. Além da opressão da população sob seu comando, o grupo planejou ou inspirou ataques terroristas na Europa, usando técnicas de propaganda nas redes sociais para atrair um número amplo de voluntários estrangeiros.

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Foram vários anos de guerra, nos quais o EI ficou famoso pelas execuções em massa e assassinatos de reféns, antes de o último território do califado na Síria ser retomado, em março.

A morte de Bagdadi é uma grande conquista para Trump, cuja decisão abrupta de retirar tropas da Síria despertou temor que o remanescentes do EI pudessem se reagrupar. O mandatário recebeu uma salva de críticas, inclusive de seu próprio Partido Republicano.

Quem é Abu Bakr al-Baghdadi?

Seu nome de batismo é Ibrahim Awad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai, mas escolheu ser chamado de Abu Bakr al-Baghdadi al-Hosseini al-Quraishi quando se juntou ao Estado Islâmico em homenagem a Abu Bakr, primeiro califa após a morte de Maomé, e à tribo do profeta, Al-Quraishi.

Ele não dava sinais de vida desde uma gravação de áudio divulgada em novembro de 2016, após o início da ofensiva iraquiana para retomar Mossul, na qual pediu para seus homens lutarem até se tornarem mártires.

Foi em Mossul a única aparição pública do chefe do EI da qual se tem conhecimento, em julho de 2014, na mesquita Al Nuri. Vestido de preto e com turbante, o extremista pediu para todos os muçulmanos lhe jurarem lealdade, após ser nomeado chefe do califado proclamado pelo EI nos extensos territórios que tinha conquistado no Iraque e na vizinha Síria.

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Al-Baghdadi teria nascido em 1971 em uma família pobre da região de Bagdá. Apaixonado por futebol, fracassou em sua tentativa de ser advogado e militar, e começou a estudar teologia.

Durante a invasão americana do Iraque em 2003, criou um pequeno grupo jihadista sem muito impacto, antes de ser detido na gigantesca prisão de Bucca.

Liberado por falta de provas contra ele, se uniu a um grupo de guerrilha sunita vinculado à Al Qaeda, e liderou-o anos depois. Aproveitando o caos da guerra civil, seus combatentes se instalaram na Síria em 2013 e, de lá, lançaram uma ofensiva no Iraque.

O grupo, que mudou seu nome para Estado Islâmico, ocupou o lugar da Al Qaeda. Seus sucessos militares iniciais e a propaganda eficaz levaram milhares de pessoas a se alistarem em suas filas. O EI reivindicou diversos atentados violentos no mundo todo.

A operação

“Uma operação bem-sucedida e histórica, devido ao trabalho conjunto de inteligência com os Estados Unidos”, afirmou, em postagem no Twitter, Mazlum Abdi, comandante das Forças da Síria Democrática (FSD), aliança de milícias que atuam no país asiático e que são aliadas dos Estados Unidos.

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A imprensa americana aponta que a operação americana teve como alvo a aldeia de Barisha, no norte de Idlib, localizada a apenas 5 quilômetros da fronteira com a Turquia. Ali foi encontrado o esconderijo do líder do Estado Islâmico.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem uma ampla rede de informantes no terreno, comandos americanos foram deixados de helicópteros na região, em uma área onde estavam “grupos próximos ao EI”.

A operação matou nove pessoas, incluindo um líder do EI chamado Abu Yamaan, além de uma criança e duas mulheres, segundo a ONG. Um morador contactado na zona de Barisha disse ter ouvido helicópteros e ataques de aviões poucos minutos depois da meia-noite.

“Os aviões voavam a uma altura muito baixa, provocando grande pânico entre as pessoas”, relatou Ahmed al Hassaui, deslocado instalado em um dos acampamentos informais perto do Barisha. Segundo ele, “a operação durou pelo menos até as 3h30” de domingo.

“Tem uma casa destruída, barracas de campanha e um veículo civil danificado, com dois mortos dentro”, contou Abdelhamid, outro morador da Barisha.

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Na manhã deste domingo, combatentes do grupo Hayat Tahrir Al Sham (HTS), outrora o braço sírio da Al Qaeda, tomaram posições em torno de uma casa em ruínas, situada no meio de um olival em Barisha, perto da fronteira turca, onde a operação teria ocorrido nesta madrugada.

Trabalho conjunto de inteligência

A Turquia, que tem praticado uma ofensiva contra as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos Estados Unidos, no nordeste da Síria nas últimas semanas, tinha “conhecimento antecipado” sobre o ataque, disse uma autoridade turca.

“Até onde eu sei, Abu Bakr al-Baghdadi chegou a esse local 48 horas antes do ataque”, disse o oficial.  O comandante em chefe das FDS, que luta contra o EI na Síria, afirmou que a operação ocorreu após “trabalho conjunto de inteligência” com as forças americanas.

Trump também disse que o Iraque tinha sido “muito bom” durante o ataque. Ele disse que nenhum soldado dos Estados Unidos foi ferido, apesar de “disparar muitos tiros” e “muitas explosões”. A única vítima americana foi um cão militar no túnel com o líder do Estado Islâmico preso.

Perseguido pela coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o EI há muitos anos, Bagdadi já foi erroneamente relatado morto várias vezes.

(Com EFE e AFP)

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