Cazaquistão prendeu mais de 1,7 mil nas últimas 24 horas
Cidade de Almaty concentra detenções em massa e parentes tentam descobrir o destino dos presos
Mais de 1.700 pessoas foram presas nas últimas 24 horas em Almaty, Cazaquistão, por participação nos protestos contra o governo.
Na última semana, milhares de pessoas foram às ruas do país para demonstrar insatisfação com a escalada nos preços dos combustíveis.
Amigos e parentes dos presos aguardavam apreensivos na entrada do centro de detenção para saber o destino dos manifestantes.
Entidades de direitos humanos afirmam ainda que há falta de informação. E que houve aumento de procura nos necrotérios em busca de desaparecidos.
As autoridades se recusam a permitir que parentes ou advogados visitem os detidos. Além disso, postos de controle militares impediram que qualquer pessoa se aproxime do prédio.
“Ninguém pode entrar. Os advogados devem estar presentes durante o interrogatório, mas como você vê, ninguém pode passar”, disse Galym Ageleuov, chefe do grupo de direitos humanos Liberty. “Nem sequer temos a lista dos pedidos”, afirmou.
Desde o início das manifestações, mais de 12.000 pessoas foram presas pelas autoridades do país.
Almaty foi o epicentro da crise social e, segundo informações divulgadas pelo governo, mais de 300 investigações criminais foram abertas.
O presidente Kassym-Jomart Tokayev culpou os “terroristas” apoiados por estrangeiros, mas não forneceu nenhuma evidência, e deu ordens de atirar para matar às forças de segurança para reprimir os distúrbios.
Embora o número oficial de mortos tenha sido anunciado como 164, Tokayev disse que centenas de civis e forças de segurança foram mortos e feridos.
As manifestações começaram no dia 2 de janeiro na parte ocidental do Cazaquistão por conta do grande aumento nos preços dos combustíveis. Os protestos se espalharam por todo o país e refletiram em uma decepção mais ampla com o governo, que declarou estado de emergência.
Com o rumo que o país tomou, Tokayev solicitou ajuda da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, ou CSTO, uma aliança militar liderada pela Rússia de seis ex-estados soviéticos. Ao todo, o bloco enviou mais de 2.000 soldados para o Cazaquistão.
A vida em Almaty começou a voltar ao normal depois de dias de agitação que viram carros e ônibus incendiados, prédios do governo invadidos e incendiados.
A agitação terminou, em grande parte, no último fim de semana. O transporte público foi retomado e os shoppings reabertos.