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Caso Signal: Pentágono abre investigação contra secretário de Defesa dos EUA

Membros do governo teriam discutido em aplicativo de mensagens operações militares secretas no Iêmen

Por Paula Freitas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 abr 2025, 16h59

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, virou alvo de uma investigação do órgão fiscalizador do Pentágono nesta quinta-feira, 3, pelo suposto vazamento de planos secretos de ataques ao Iêmen na plataforma de mensagens criptografas Signal. No final de março, o editor-chefe da revista americana The Atlantic, Jeffrey Goldberg, publicou uma reportagem em que afirmava que havia sido adicionado, por engano, a um bate-papo em grupo que discutia operações militares que tinham como alvo os rebeldes Hutis do Iêmen.

A reportagem gerou uma crise interna na Defesa dos EUA. Segundo Goldberg, ele foi adicionado à conversa pelo conselheiro de Segurança Nacional, Michael Waltz, em 11 de março. Quatro dias mais tarde, Hegseth passou a compartilhar os planos no grupo — ou seja, fora das plataformas seguras determinadas pelo governo americano.

A abertura do inquérito acatou um pedido bipartidário do comitê de serviços armados do Senado dos EUA. Em carta, os congressistas indicam que “se for verdade, esta reportagem levanta questões quanto ao uso de redes não classificadas para discutir informações confidenciais e classificadas, bem como o compartilhamento dessas informações com aqueles que não têm autorização adequada e precisam saber”.

O memorando do inspetor-geral do Departamento de Defesa (DOD, na sigla em inglês), que fiscaliza o Pentágono, apontou que a investigação terá como objetivo “determinar até que ponto o Secretário de Defesa e outros funcionários do DOD cumpriram as políticas e procedimentos do DOD para o uso de um aplicativo de mensagens comerciais para negócios oficiais”.

+ Revista divulga trechos de mensagens sobre planos confidenciais dos EUA para ataques ao Iêmen

Entenda o caso

Além de Hegseth, entre os principais nomes que integravam o grupo estão o vice-presidente J.D. Vance; o secretário de Estado, Marco Rubio; e a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles. A ausência de um nome se destacou: Christopher Grady, presidente interino do Estado-Maior Conjunto e conselheiro militar sênior do presidente. A exclusão de Grady, o oficial de mais alta patente do Pentágono, de uma reunião militar foi definida como algo “inédito” pelo jornal americano The New York Times.

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Em 15 de março, Hegseth deu início a uma sequência de mensagens no “pequeno grupo Houthi PC”. Às 11h44 ET (12h44 em Brasília), ele escreveu, em letras maiúsculas: “ATUALIZAÇÃO DA EQUIPE”, acrescentando: “HORA AGORA (1144et): O clima está FAVORÁVEL. ACABEI DE CONFIRMAR com o CENTCOM (Comando Central para o Oriente Médio) que estamos prontos para o lançamento da missão”.

“1215et: LANÇAMENTO de F-18s (1º pacote de ataque)”, disse Hegseth, segundo a reportagem. “1345: Inicia-se a janela de 1º ataque do F-18 ‘baseado em gatilhos’ (o terrorista alvo está em sua localização conhecida, então DEVE CHEGAR NA HORA – também, lançamento de drones de ataque (MQ-9s).”

As mensagens continuam:

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“1410: Mais F-18s LANÇADOS (2º pacote de ataque)”
“1415: Ataque drones no alvo (ESTE É O MOMENTO EM QUE AS PRIMEIRAS BOMBAS DEFINITIVAMENTE CAIRÃO, dependendo dos alvos anteriores ‘baseados em gatilhos’)”
“1536 F-18 2nd Strike Starts – também, os primeiros Tomahawks baseados no mar foram lançados.”
“MAIS A SEGUIR (por linha do tempo)”
“Estamos atualmente limpos em OPSEC” — isto é, segurança operacional.
“Boa sorte aos nossos guerreiros.”

Após os ataques, Waltz escreveu: “VP. Prédio desmoronou. Tinha várias identificações positivas. Pete, Kurilla, o IC, trabalho incrível”, referindo-se a Hegseth; a Michael E. Kurilla, chefe do Comando Central; e à Comunidade de Inteligência (IC). Vance não entende a mensagem e, em seguida, o conselheiro explica o que quis dizer, tratando sobre os rebeldes Huthis, que estavam na mira da operação em Sana, capital do Iêmen.

“Digitando muito rápido. O primeiro alvo – o cara do míssil principal – nós tínhamos identificação positiva dele entrando no prédio da namorada e agora ele desabou”, relatou Waltz, que recebeu um “excelente” de Vance.

Com o fim dos ataques no dia, o grupo comemora o sucesso dos bombardeios. Goldberg sai do grupo, com o objetivo de que Waltz seja notificado e perceba que o adicionou, sem querer, ao chat. O jornalista advertiu, na publicação desta terça, que “as informações contidas neles, se tivessem sido lidas por um adversário dos Estados Unidos, poderiam ter sido usadas para prejudicar o pessoal militar e de inteligência americano, particularmente no Oriente Médio mais amplo”.

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