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Caso Nisman: Porta de serviço do apartamento estava aberta

A revelação contraria a versão oficial da polícia, que informava que o apartamento onde o procurador-geral foi encontrado morto estava trancado

Por Da Redação
21 jan 2015, 12h43

O serralheiro que foi chamado para abrir o apartamento do procurador-geral Alberto Nisman, encontrado morto nesta segunda-feira, revelou que a porta de serviço estava aberta, reporta o jornal Clarín. O chaveiro identificado apenas como Walter foi chamado para depor por ter sido o responsável em abrir o apartamento depois de constatado que Nisman não atendia aos telefonemas. “A porta de serviço estava aberta, simplesmente empurrei-a e entrei”, disse o chaveiro. Walter disse que “qualquer pessoa poderia ter aberto” a porta. O chaveiro afirmou que tentou abrir a entrada de serviço pois a porta principal do apartamento é bem mais segura, com uma tranca eletrônica que abre por meio de uma senha.

De acordo com o comunicado oficial do Ministério da Segurança, na segunda-feira de madrugada, quando a mãe do procurador tentou entrar no apartamento pela entrada de serviço, “descobriu que a porta estava trancada com a chave inserida do lado de dentro. A família pediu então à equipe de manutenção do edifício para convocar um chaveiro para entrar no apartamento”, acrescenta o texto. No dia em que o procurador foi encontrado morto com um tiro na cabeça, ele iria explicar no Congresso sua denúncia contra a presidente Cristina Kirchner. A declaração do chaveiro é apenas o mais novo elemento que acrescenta dúvidas à hipótese de suicídio. Outro desdobramento suspeito do caso é o aparecimento do técnico em informática Diego Lagomarsino, que disse ser proprietário da arma usada para tirar a vida de Nisman.

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Lagomarsino, de 35 anos, vive em Banfield, cidade próxima de Buenos Aires, e afirmou nesta quarta ter emprestado uma pistola calibre 22 no último sábado ao procurador-geral. Ele se apresentou à polícia espontaneamente, informa o jornal La Nación. “Ele já havia me dito em outras ocasiões que estava preocupado com sua segurança, e ele sabia que eu tinha uma arma. Ele me ligou no sábado e disse: ‘Você tem uma arma? Traga-a para mim. Estou muito preocupado, tenho medo de que possa acontecer algo'”, disse Lagomarsino. Depois da conversa, o técnico em informática teria ido ao edifício onde Nisman morava, em Porto Madero, bairro nobre da capital argentina, e feito a entrega da pistola. Lagomarsino prestou depoimento à polícia, mas está sendo investigado sob suspeitas que ele seja um ex-agente da Side (Secretaria de Inteligência do Estado, o serviço secreto argentino). Também ainda não são claras as ligações de Lagomarsino com Nisman, e a investigação ainda não esclareceu como eles se conheciam ou se eles eram próximos.

Nisman, que acusou há uma semana Kirchner e seu chanceler, Héctor Timerman, de acobertar o Irã no caso do atentado contra Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em Buenos Aires em 1994, foi encontrado morto com um tiro na cabeça no domingo. Desde então, o país se mostra dividido entre os que acreditam que ele cometeu suicídio ou foi instigado ao suicídio, como o governo, e os que enxergam um assassinato, hipótese levantada pela oposição. Apesar do esforço da própria Cristina Kirchner em apontar o suicídio como a causa da morte de Nisman, há razões para ceticismo. O promotor havia sido alvo de ameaças – em uma ocasião, um recado foi deixado em sua secretária eletrônica advertindo que ele seria caçado e levado a uma prisão iraniana. A comunidade judaica convocou uma concentração em frente à sede da Amia às 18h30 (19h30 de Brasília) para pedir “verdade e justiça”.

Na noite desta terça, o juiz Ariel Lijo, a quem Nisman havia apresentado a denúncia, publicou o texto integral de 300 páginas. Na denúncia, Nisman afirmou que Kirchner emitiu uma ordem expressa para aplicar um plano de acobertamento que desvinculasse os acusados iranianos do atentado da Amia, garantindo-lhes impunidade. Nisman acusou o governo argentino de combinar com o Irã a reativação do comércio de petróleo em troca de desistir dos pedidos à Interpol que ainda pesam sobre cinco iranianos suspeitos de participar do atentado, que há vinte anos deixou 85 mortos e 300 feridos em Buenos Aires.

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Enterro – A comunidade judaica argentina, em um claro sinal que não acredita na hipótese de suicídio, informou que vai realizar o enterro de Nisman num jazigo próximo às vítimas do atentado e não no local reservado aos suicidas. O procurador-geral era judeu e segundo a fé judaica, o suicídio constitui uma ofensa grave ao criador e os suicidas são enterrados numa área afastada dos outros túmulos.

(Com agência France-Presse)

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