Cardeais se reúnem para refletir sobre a Igreja e qualidades desejadas para o próximo papa
Na quinta Congregação Geral dos Cardeais, também foi definida a data de início do Conclave para eleger o sucessor de Francisco

Mais de 180 cardeais, sendo pouco mais de cem com direito a voto, se reuniram nesta segunda-feira 28 para a quinta Congregação Geral dos Cardeais na Sala do Sínodo, que começou com um momento de oração, seguido do juramento previsto pela Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, segundo um comunicado do Vaticano.
Na reunião, os cardeais católicos escolheram 7 de maio como a data para iniciar o conclave, processo secreto para a eleição do sucessor de papa Francisco.
Cerca de 20 intervenções foram registradas na sessão, abordando temas de relevância para o futuro da Igreja, como o relacionamento com o mundo contemporâneo, o diálogo inter-religioso, a evangelização, a questão dos abusos e as qualidades desejadas para o próximo pontífice.
A composição da Congregação Particular dos três Cardeais Assistentes do Camerlengo também foi renovada durante a sessão. O Cardeal Reinhard Marx foi confirmado como coordenador do Conselho para a Economia, e os cardeais Luis Antonio Tagle e Dominique Mamberti foram escolhidos por sorteio para compor o grupo.
Na terça-feira, às 9h, Dom Donato Ogliari, O.S.B., abade de São Paulo Fora dos Muros, fará a primeira meditação para os cardeais. As congregações continuarão diariamente às 9h, com exceção dos dias 1º e 4 de maio.
Como funciona um conclave?
Todas as vezes que um papa morre – ou renúncia ao cargo –, os cardeais se reúnem a portas fechadas para a realização do conclave , que em latim significa “com chave”, ou seja, algum ambiente totalmente fechado. O ritual ocorre há oito séculos em Roma.
O Colégio de Cardeais é formado por 252 religiosos. Pelas regras da Igreja Católica, somente os cardeais com menos de 80 anos participam da eleição e somente 135 deles devem votar no conclave. Sete dos oito cardeais brasileiros estão na lista dos que podem ajudar a eleger o novo papa.
Eles se reunirão na Capela Sistina, sem acesso ao mundo externo, para decidir quem deve ser o próximo líder da Igreja Católica e pastorear o rebanho de 1,4 bilhão de fiéis. Os dois conclaves anteriores, realizados em 2005 e 2013, duraram apenas dois dias.
De acordo com as regras da Igreja Católica, os cardeais podem fazer até quatro votações por dia, sendo duas pela manhã e duas à tarde. Caso não haja um escolhido após três dias, os padres estão liberados para fazer uma pausa de 24h para orações. Outra pausa pode ser convocada caso haja mais votações sem um eleito.
Se por um acaso nenhum nome for escolhido após 34 votações sem consenso, os dois padres mais votados até o momento disputarão um segundo turno, mas ainda assim dois terços do Colégio precisam chegar ao consenso de um único cardeal para ser nomeado o novo pontífice.
Papa Francisco morreu na última segunda-feira 21, aos 88 anos, de derrame e insuficiência cardíaca. Ele foi sepultado no sábado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em um túmulo simples, segundo solicitou em seu testamento, após um funeral nos degraus da Basílica de São Pedro, que atraiu chefes de Estado, membros da realeza e mais de 200 mil peregrinos para homenagens.
Os favoritos para o cargo
Não se sabe ainda qual será o perfil do novo papai. Tudo indica que será semelhante ao de Francisco, que abriu as portas da igreja para a diversidade, a exclusão e a pobreza.
No entanto, a disputa para a escolha do novo papa tende a ser acirrada. Vários outros nomes aparecem na lista de cotados ao cargo. Se dependesse de Francisco, o novo papa teria o perfil parecido com o do cardeal Peter Turkson, de Gana, que é arcebispo da Costa do Cabo. É um dos mais antenados com a pobreza, direitos humanos e questões climáticas. Turkson é conhecido por ser tão progressista quanto Francisco.
Da França, o nome mais comentado é o do cardeal Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha. Na Itália, um dos nomes que apareceu no noticiário como forte na disputa é o atual secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin. A carga dele é a segunda mais importante na posição do Vaticano. Parolin foi o primeiro cardeal nomeado por Francisco.
Também da Itália, outro cardeal com chances de virar papa é Matteo Mariz Zuppi, arcebispo de Bolonha, outro que foi nomeado por Francisco. Há outro italiano forte na disputa: o cardeal Pierbattista Pizzaballa, que foi nomeado patriarca latino de Jerusalém. Ele recebeu elogios no Vaticano por pregar o diálogo entre judeus, muçulmanos e cristãos, tão necessário nesta época de extremismos religiosos. Também na disputa aparece o nome do filipino Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila. Da Hungria, surgiu o nome do arcebispo de Esztergom-Budapeste Péter Erdo.