Cardeais apostam nas redes sociais às vésperas do conclave que vai eleger o próximo papa
Antes que os celulares sejam bloqueados, o uso das redes sociais cresce, revelando bastidores, reflexões e até estratégias de visibilidade

Às vésperas do conclave que escolherá o próximo papa, o Vaticano assiste a um movimento incomum: o aumento expressivo da presença de cardeais nas redes sociais. Instagram, Facebook e X (antigo Twitter) tornaram-se palcos de fé, bastidores romanos e, em alguns casos, de autoprojeção.
De acordo com levantamento da consultoria italiana Arcadia, os cardeais Timothy Dolan (Estados Unidos) e Luis Antonio Tagle (Filipinas) estão entre os mais ativos. Dolan, por exemplo, tem publicado vídeos diários abordando temas variados. Em um deles, aparece promovendo a paróquia que representa em Roma, Nossa Senhora de Guadalupe. Em outro, reflete diante da Igreja Santa Maria Maggiore, local de sepultamento do papa Francisco.
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Já Tagle, que soma mais de 600 mil seguidores no Facebook, mistura conteúdo devocional com postagens pessoais. Recentemente, reacendeu polêmica ao fixar no Instagram um vídeo de 2019 onde canta Imagine, de John Lennon — canção que menciona um mundo sem religiões. Apesar das críticas, defendeu a escolha como uma mensagem de esperança em tempos incertos.
No Brasil, o cardeal Dom Odilo Scherer também se destaca, especialmente no X, onde acumula 155 mil seguidores. Suas postagens explicam as regras do conclave e mostram sua participação em celebrações religiosas em Roma, ao lado de outros cardeais brasileiros.
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Um dos nomes mais fortes entre os chamados “papáveis”, o italiano Pietro Parolin, mesmo sem perfis próprios nas redes, registrou impressionantes 317 mil interações no X entre 24 de abril e 5 de maio, segundo o levantamento da Arcadia. Isso o coloca no topo das menções digitais, evidenciando o peso de seu nome na sucessão, mesmo longe do ativismo virtual.
Outros nomes também ganharam visibilidade recente. Péter Erdo, da Hungria, estreou no X em janeiro de 2024, mas só começou a postar após a morte de Francisco. Em uma de suas publicações, lembrou que o conclave não visa eleger um CEO, mas um pai espiritual para 1,3 bilhão de fiéis.

O papa Francisco foi o pontífice mais conectado da história da Igreja. Em 2018, já alertava para o papel das mídias digitais: “A internet é um dom de Deus e também uma grande responsabilidade.” Agora, essa herança parece moldar também o comportamento de seus possíveis sucessores.