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Canibalismo da direita e erros de Milei explicam mau desempenho

Único instituto de pesquisa a acertar a previsão para o primeiro turno diz que racha na direita prejudicou desempenho de ultraliberal

Por Ricardo Ferraz Atualizado em 23 out 2023, 13h02 - Publicado em 23 out 2023, 13h01

Entre os diversos institutos de pesquisa que fizeram levantamentos sobre as eleições presidenciais na Argentina, apenas a AtlasIntel detectou que o peronista Sérgio Massa venceria o primeiro turno contra o ultraliberal Javier Milei.

A última pesquisa feita pela empresa brasileira, no dia 11, e divulgada com exclusividade por VEJA mostrou uma arrancada do atual ministro da economia, com 30,6% das intenções de votos, sendo seguido por Milei, com 25,2%, e por Patricia Bullrich, com 25%. Pelas regras do país,  é proibido realizar esse tipo de levantamento durante a última semana antes da disputa.

No domingo, 22, o resultado das urnas confirmou a virada de Massa e de sua coalizão, a Unión por la Pátria, que havia sido derrotada nas prévias de agosto. Massa venceu com 36,4% dos votos, contra 30% de Milei. “A esquerda conseguiu concentrar os votos e não perdeu eleitores, ao passo que o campo da  direita se fragmentou e se canibalizou”, diz Andrei Roman, CEO da AtlasIntel.

Entre as tendências identificadas pela pesquisa que contribuíram para o racha, está uma dispersão dos votos de eleitores da coalizão Juntos por el Cambio, principalmente entre as pessoas não votaram em Bullrich, durante as prévias, mas no ex-prefeito de Buenos Aires, Domingos Laretta, que é do mesmo partido. Outro ponto é a migração de votos de Milei para o ex-governador de Córdoba, Juan Schiaretti, um peronista não kirchnerista.

“A tendência agora é o Milei  reunir essa direita.  A estrutura do voto de ontem sugere que ele tem grandes chances de vencer a eleição, mas a situação de Massa não é irreversível. Milei cometeu muitos erros”, aponta Roman.

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Nas reta final de campanha, o candidato do La Libertad Avanza se viu envolvido em deslizes que podem ter lhe custado votos. Na semana passada, Lilia Lemoine, uma de suas principais apoiadoras, que concorreu ao cargo de deputada e que pleiteia o cargo de porta-voz, caso o ultraliberal seja eleito, disse que iria apresentar um projeto de lei para desobrigar homens a assumirem a paternidade dos filhos, no caso de gravidez indesejada.

Milei e diversas pessoas de seu entorno também criticaram o papa Francisco, o argentino de maior prestígio no país, ao lado de Lionel Messi, alegando que o pontífice se rendia ao comunismo por defender a justiça social. Em clara resposta, porém sem citar nomes, o papa rebateu, alertando para os perigos do messianismo populista.

Apesar das dificuldades, Milei ainda leva relativa vantagem. Na pesquisa do dia 11 de outubro, a rejeição do economista era de 56%, contra 62% do peronista. O levantamento aponta ainda para uma vitória apertada de Milei, com 41% das intenções de voto, contra 39,3% de Massa. O cenário, no entanto, é considerado incerto por estar dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para cima, ou para baixo.

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Outro fator que contribuiu para um quadro diferente no primeiro turno, em relação as prévias, chamadas de PASO, é a grande abstenção de apoiadores do peronismo. “As PASO costumam ter mais presença de quem vota com intençao de punir o governo do momento. É uma eleição sem desfecho, então nã há um incentivo tão forte para defender o campo político que está na situação, quando ele não apresenta um bom desempenho”, explica Roman.

 

 

 

 

 

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