Candidato ao Senado dos EUA nega ter pago aborto da namorada
Ex-jogador da NFL, Herschel Walker é conhecido por defender políticas anti-aborto
Candidato republicano ao Senado dos Estados Unidos, Herschel Walker é conhecido por defender a proibição total do aborto. O político, no entanto, está no centro de um escândalo após ser acusado de ter pago pelo procedimento para uma namorada em 2009.
Walker nega as acusações, mas a denúncia pode abalar uma disputa extremamente acirrada entre o Partido Republicano e o Partido Democrata na Câmara Legislativa dos EUA.
O portal de notícias Daily Beast informou na segunda-feira, 3, que o ex-jogador de futebol americano havia enviado dinheiro à mulher para pagar pelo aborto. O ex-jogador da NFL, candidato republicano no estado da Geórgia, negou a alegação, chamando a história de “uma mentira deslavada”.
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Segundo a investigação do veículo estadunidense, ele encorajou sua então namorada a fazer o procedimento e depois enviou a ela um cheque e um cartão desejando “melhoras”. A mulher, que a mídia não nomeou por conta de questões de privacidade, disse que engravidou enquanto namorava Walker há mais de uma década.
A ex-companheira do candidato teria revelado a história por não suportar a “hipocrisia” de Walker sobre o assunto. “Não posso mais com a hipocrisia. Todos nós merecemos melhor”, teria dito ela ao jornal.
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No Twitter, o republicano disse que entraria com um processo contra o meio de comunicação. Em um comunicado, o porta-voz do Comitê Nacional Republicano do Senado, Chris Hartline, chamou a reportagem de “insinuações mentirosas”.
A corrida ao Senado dos EUA na Geórgia é uma das mais importantes do país. Walker, representante republicano ao cargo, espera substituir o atual senador Raphael Warnock, um democrata, eleito em 2020.
Essa vitória deu aos democratas 50 assentos na câmara alta do Congresso, permitindo-lhes controlar o Senado dos EUA e aprovar algumas das maiores iniciativas políticas do presidente Joe Biden nos últimos dois anos.
Os republicanos esperam retomar a Câmara nas eleições de meio de mandato em 8 de novembro, e o estado da Geórgia é fundamental para sua estratégia.
Antes das eleições de meio de mandato, os democratas de todo o país destacaram os direitos reprodutivos depois que a Suprema Corte dos EUA derrubou o direito constitucional ao aborto neste verão. O partido espera usar a questão para levar sua base às urnas em novembro.
Walker também tornou a questão central em sua campanha, dizendo acreditar que o aborto deveria ser ilegal mesmo em casos de estupro ou incesto.
Os republicanos esperavam que a popularidade de ex-jogador da NFL aumentasse as chances do partido nas eleições de meio de mandato. Apesar de adotar a postura conservadora da coalizão, a campanha de Walker foi afetada por uma série de controvérsias pessoais decorrentes do comportamento passado do candidato.
Duas mulheres acusaram Walker de abuso doméstico ao longo dos anos. Sua ex-mulher, Cindy Grossman, pediu uma ordem de proteção contra ele em 2005, depois que Walker fez ameaças violentas, informou a Associated Press.
Ele também enfrentou relatos sobre três crianças, de mães diferentes, que ele não reconheceu publicamente durante a campanha. Mais tarde, ele confirmou que eram dele, dizendo que “nunca negou” sua existência.
Na noite de segunda-feira, 3, um de seus filhos revelou que o candidato havia abandonado e ameaçado ele e sua mãe.
“Não minta sobre as vidas que você destruiu e aja como se fosse um homem de família moral”, disse Christian Walker.
Apesar das controvérsias, as pesquisas mostram uma disputa extremamente acirrada entre Walker e Warnock.