Campanha de Biden nega que presidente será substituído por outro candidato
Anúncio ocorre um dia após debate eleitoral entre Biden e Donald Trump, considerado como desastroso para o atual mandatário da Casa Branca
A campanha do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, negou nesta sexta-feira, 28, que ele abandonará a corrida presidencial para dar lugar a outro candidato democrata. O anúncio ocorre um dia após o debate eleitoral entre Biden e o ex-presidente Donald Trump, considerado por estrategistas, analistas e membros do Partido Democrata como desastroso para o atual mandatário da Casa Branca. As críticas se centram na idade avançada de Biden, de 81 anos, e sua suposta incapacidade de manter e expressar um raciocínio coeso, o que o impediria de comandar os EUA.
A equipe destacou que o presidente americano participará de um segundo debate com Trump, marcado para 10 de setembro. Integrantes também revelaram que, durante o debate, foi arrecadado o maior volume de fundos de base, ou de baixo valor, desde o início da campanha, indicando que Biden teria conseguido atrair eleitores indecisos.
A ideia foi descartada também por Biden durante comício na Carolina do Norte. Aos apoiadores, ele reconheceu que não é “um homem jovem, para dizer o óbvio”, que não caminha, fala e debate “tão bem quanto antes”, mas que sabia “dizer a verdade”.
“Eu sei o que é certo e o que é errado. Eu sei como fazer esse trabalho. Eu sei como fazer as coisas. Eu sei, como milhões de americanos, eu sei, quando você é derrubado, você se levanta”, disse. “Pessoal, dou a minha palavra a vocês como Biden: não voltaria a concorrer se não acreditasse de todo o coração e alma que posso fazer este trabalho. Porque, francamente, os riscos são muito elevados”.
+ Desastre de Biden em debate aumenta pedidos por sua desistência da eleição
Como foi o debate
Uma enquete realizada pela emissora americana CNN, responsável por televisionar o debate, mostrou que 67% daqueles que assistiram ao bate-boca consideraram que Trump saiu vencedor, contra apenas 33% de Biden. Ao longo de 90 minutos, a dupla discutiu sobre tópicos quentes do cenário político americano, como economia e inflação, problemas com imigração, aborto, política externa e defesa da democracia — assunto que fez referência aos ataques de trumpistas ao Capitólio durante sessão do Congresso que confirmaria vitória Biden, em 6 de janeiro de 2021.
O republicano mentiu ao menos 26 vezes nas respostas, de acordo com o The New York Times. A constante desinformação de Trump, no entanto, não foi traduzida em uma vantagem para Biden. Com voz rouca e, por vezes, olhar perdido, ele gaguejou, perdeu a linha de raciocínio e não teria conseguido transmitir ao público firmeza na defesa do seu mandato e nas propostas que colocaria em prática caso reeleito.
Analistas indicaram, além disso, que o excesso de treinamento pode ter sido um tiro pela culatra para o democrata, de forma a não permitir que soasse natural — técnica dominada por Trump, apesar da falta de embasamento e de ter desviado o foco nas respostas para perguntas espinhosas, como quando foi perguntado se respeitaria o resultado das urnas mesmo se indicassem sua derrota; ele disse que aceitaria apenas “se for uma eleição justa, legal e boa”. Segundo a campanha de Biden, ao todo, o republicano não atendeu a 11 perguntas.
+ Trump usa mentiras em debate para cercar Biden, que tropeça nas palavras
‘Pânico’ democrata
Ao final do embate, democratas teriam entrado em curto-circuito e cogitado substituir Biden por outro candidato, conforme apontam informações do NYT. A tese foi reforçada por Maria Shriver, a ex-primeira-dama da Califórnia, que disse que ama Biden e sabe que ele é um bom homem, mas que a noite foi “de partir o coração em muitos aspectos”, acrescentando: “Este é um grande momento político. Há pânico no Partido Democrata”.
Por sua vez, Nicholas Kristof, colunista político de esquerda, escreveu nas redes sociais que espera que Biden reflita sobre o debate e decida desistir da disputa, deixando a Convenção Nacional Democrata decidir quem deve ser o indicado. Ele sugeriu alguém como a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, o senador de Ohio, Sherrod Brown, ou a secretária de comércio, Gina Raimondo.