Câmara dos EUA aprova US$ 4,5 bi em ajuda humanitária para fronteira
Medida prevê compra de suprimentos básicos e reestruturação dos abrigos para imigrantes, após denúncias sobre a violação de direitos humanos
A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou na noite de terça-feira 25 um pacote de 4,5 bilhões de dólares em ajuda humanitária para a fronteira do país com o México, em um confronto direto às políticas recém-adotadas pelo presidente, Donald Trump.
A Casa, de maioria democrata, teve 230 votos favoráveis e 195 contra a proposta, depois de denúncias sobre as condições desumanas enfrentadas por crianças sob custódia da guarda de fronteira americana em centros de detenção do governo.
No último final de semana, organizações não governamentais expuseram as instalações para imigrantes na cidade texana de Clint, em que centenas de menores estavam presos há semanas sob condições insalubres, de acordo com advogados de direitos humanos que visitaram o local.
Além disso, ainda na terça, uma foto de um pai e sua filha mortos às margens do rio Grande, próximo ao estado do Texas, chocou a comunidade internacional como símbolo do desespero enfrentado pelas famílias centro-americanas, principalmente com o aumento da vigilância nos limites entre os países.
Os conflitos entre democratas e republicanos sobre as reformas do sistema migratório dos Estados Unidos se arrastam há meses. Apesar de ter sido o autor do pedido de ajuda financeira aprovado, Trump avisou que deve vetar a medida aprovada pelos deputados da oposição, já que os republicanos do Senado, aliados de suas políticas restritivas, formularam uma nova emenda de emergência que exclui diretrizes sobre o destino do dinheiro.
“Espero que estejamos enviando uma mensagem clara e que o Senado faça aquilo que disse querer fazer, que é atender às necessidades humanitárias daqueles mais vulneráveis sob o nosso cuidado hoje em dia”, pressionou a deputada Veronica Escobar, uma democrata de El Paso, no Texas, uma das cidades mais pressionadas pelo fluxo de migrantes vindos do México.
Segundo a emenda aprovada pela Câmara, o dinheiro reservado iria para “camas, cobertores, fraldas, comida e assistência jurídica”, detalhou Escobar, em fala a repórteres no Capitólio, pouco antes da votação.
Além disso, o fundo financiaria “alternativas aos centros de detenção, com políticas que funcionavam efetivamente no passado mas foram abandonadas por essa administração em favor do encarceramento”, disse a deputada.
“Nós também iremos criar um programa piloto para ter certeza de que as organizações não governamentais e a guarda de fronteira estão direcionando este financiamento para as famílias que chegam”, concluiu.
Em um comunicado na segunda-feira 24, a Casa Branca havia acusado os democratas da Câmara de “ignorar o pedido da administração pelo financiamento profundamente necessário para lidar com a crise humanitária na fronteira.”
Segundo a Casa Branca, os opositores estariam procurando “tirar vantagem da crise atual para inserir propostas políticas que fariam o país menos seguro.”