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Brasileiros indocumentados nos EUA expressam temores com planos de deportação sob Trump

Em primeiro discurso, presidente citou plano de repaginar toda a segurança fronteiriça e promover a maior deportação em massa da história americana

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jan 2025, 13h24 - Publicado em 21 jan 2025, 13h14

Em seu primeiro discurso após tomar posse e tornar-se, oficialmente, o 47º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump elencou uma série de medidas que tomará nos primeiros dias do novo mandato. Sem muitas surpresas, citou o plano de repaginar toda a segurança fronteiriça e promover a maior deportação em massa da história americana — dados de 2022 mostram que há 11 milhões de imigrantes em situação irregular no país, em maioria latinos.

“Toda entrada ilegal será imediatamente interrompida e se iniciará um processo de devolução de milhões e milhões de imigrantes criminosos aos lugares de onde vieram”, disse o presidente. Nos quatro anos que ficou no poder, o primeiro governo Trump deportou 1,5 milhão de imigrantes. Agora, na versão 2.0, Trump quer deportar até 1 milhão de imigrantes por ano, gerando medo e preocupação entre brasileiros irregulares no país, que temem ter o “sonho americano” afetado.

+ Como as medidas anunciadas por Trump impactam o Brasil

Há quase nove anos no país, o professor de jiu-jitsu brasileiro Marcelo, que pediu para não ter o sobrenome divulgado, entrou com visto de turismo e nunca mais saiu. Passou por algumas cidades da Califórnia dando aulas e, hoje, se assentou na Flórida.

“Hoje é uma coisa que você fica com mais medo, com certeza. Você acaba ouvindo histórias de alguém que foi denunciado ou alguém que foi pego em uma blitz da ICE”, diz o mineiro, citando a temida agência americana de Imigração. “A gente acaba parando de sair muito e se isolando só com brasileiros, porque sabe que é um pouco mais seguro. Eu lido com crianças, com os pais dos alunos, então fico com medo. Conheço muita gente que nem fala nada na rua pra não verem que é de fora”.

O caso está longe de ser isolado. A estimativa é que, dos quase 2 milhões de brasileiros que moram nos EUA, cerca de 230.000 estejam de forma irregular no país, segundo análise de 2023 do Departamento de Segurança Interna. Na fronteira entre EUA e México, os brasileiros foram a 12ª nacionalidade mais detida  — a lista é liderada por México (466 mil), Venezuela (165 mil) e Haiti (158 mil).

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A paraense Luiza Moura, que trabalha como garçonete nos Estados Unidos, reforça o temor de Marcelo e conta que, hoje, há cartazes e mensagens veiculadas pelo governo na TV pedindo que a população denuncie imigrantes “suspeitos”.

A prática incentivada pelo governo e o projeto de deportação tem apoio popular. Uma pesquisa The New York Times/Ipsos apontou que 55% da população americana apoia a decisão de Trump. Outros 42% são contra e 3% se recusaram a responder.

+ O primeiro comentário de Trump sobre a relação com Brasil e América Latina

Os resultados apontam ainda que 56% dos americanos creditam ao movimento migratório entre a fronteira do México e dos Estados Unidos o aumento da criminalidade no país — taxa que sobe para 83% considerando apenas os que se disseram republicanos.

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O que diz a lei

Legalmente, o presidente tem autoridade para invocar o Alien Enemies Act, uma lei de 1798 que permite que o líder ordene a detenção e deportação de não cidadãos durante tempos de guerra. O “pulo do gato” é que o governo não precisa provar que está em guerra com o país de origem do migrante.

“O presidente tem autoridade para prender todos que estejam em situação irregular. Mas a maioria dos imigrantes que vivem nos EUA sem autorização legal tem o direito de ir a um juiz de imigração para argumentar que estão legalmente nos EUA”, analisa Jean Lantz Reisz, professora de Direito da University of Southern California. “Há um longo acúmulo de casos no tribunal de imigração agora, o que demandaria muito tempo, e pode ser proibitivamente caro prender, deter e deportar as milhões de pessoas que Trump quer deportar”.

Ainda é cedo, no entanto, para saber como o plano de desenrolará. A bravata de Trump pode esbarrar com problemas na Justiça e no caixa, já que custaria quase 300 bilhões de dólares — isso sem falar na necessidade de mão de obra, em um contexto que os EUA perdem em competitividade para a China.

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