Brasil vai atuar em ‘solidariedade’ à Venezuela, diz Mauro Vieira antes de cúpula da Celac
Chanceler afirmou que Lula vai à reunião na Colômbia com intuito de reforçar política externa de 'cooperação na América do Sul'
O chanceler Mauro Vieira afirmou nesta quarta-feira, 5, em Belém, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá à cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), neste final de semana, com uma agenda de “solidariedade” para com a Venezuela, em meio à pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o país sul-americano.
Há semanas que ataques americanos a barcos no Caribe e no Pacífico Ocidental desestabilizam a região, enquanto o ocupante da Casa Branca ameaça realizar uma incursão terrestre em solo venezuelano, sob o pretexto da luta contra narcotraficantes.
“A pauta (da cúpula) é um apoio, uma solidariedade regional à Venezuela, tendo em vista que o presidente (Lula) repetidamente disse isso, e é a posição da nossa política externa. A América Latina e, sobretudo, a América do Sul, onde nós estamos, é uma região de paz e cooperação”, afirmou Vieira.
O encontro de líderes da Celac, em reunião conjunta com representantes da União Europeia, ocorrerá nos próximos dias 9 e 10 na Colômbia.
Questionado por repórteres durante coletiva às vésperas da COP30 na capital paraense, o chanceler afirmou não acreditar que o movimento de solidariedade em relação a Caracas atrapalhe as negociações entre o governo brasileiro e Washington sobre o tarifaço imposto pelo presidente Trump. “Nosso contato com os Estados Unidos diz respeito sobretudo às questões comerciais e tarifárias bilaterais”, sublinhou.
Na véspera, Lula já havia reafirmado que é contra uma possível ofensiva militar dos Estados Unidos na Venezuela e contou ter transmitido a mensagem diretamente a Donald Trump durante encontro recente em Kuala Lumpur, na Malásia.
“Não quero que a gente chegue a uma invasão terrestre”, disse ele em entrevista a agências internacionais. “Eu disse a (Trump) que problema político a gente não resolve com armas. A gente resolve com diálogos”, declarou.
O pronunciamento veio após o mandatário brasileiro propor, no mesmo encontro com Trump, uma saída “política e diplomática” para a crise venezuelana e oferecer o Brasil como mediador de uma eventual negociação — iniciativa que foi mal recebida pela líder opositora da Venezuela, María Corina Machado, que vem declarando apoio às ações militares americanas no Caribe e Pacífico.
Guerra às drogas 2.0
Trump tem endurecido sua retórica contra cartéis de drogas mexicanos e sul-americanos, que classificou como “organizações terroristas estrangeiras”. Desde setembro, o governo americano conduz operações militares em águas próximas à Venezuela, com o argumento de combater o contrabando. Segundo o Pentágono, 64 pessoas, entre elas membros do cartel Tren de Aragua, foram mortas em 16 ataques a embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico.
O presidente considera o tráfico de drogas por gangues mexicanas, venezuelanas e de outros países uma ameaça à segurança nacional. Segundo ele, os métodos tradicionais de aplicação da lei (apreensão de narcóticos na fronteira, em aeroportos e no mar, além de investigações contra chefes de cartéis e seu financiamento) não têm sido suficientes para conter o problema, que mata dezenas de milhares de americanos todos os anos.
Desde setembro, a administração Trump vem conduzindo uma campanha militar contra embarcações suspeitas de contrabando em águas próximas à Venezuela. O Pentágono informou que 64 pessoas, incluindo membros do cartel Tren de Aragua, foram mortas em 16 ataques a barcos no Caribe e no Pacífico. As autoridades não divulgaram nomes ou outros detalhes das vítimas, nem apresentaram provas que sustentem suas alegações sobre os barcos, passageiros ou cargas.
Além dos ataques concentrados nos litorais da Venezuela e, mais recentemente, Colômbia, a emissora americana NBC News revelou na segunda-feira 3 que o governo dos Estados Unidos iniciou um planejamento detalhado para operações militares e de inteligência no México para perseguir cartéis de drogas. Nesta terça, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, enfatizou que uma invasão “não vai acontecer” em seu país.
Trump sustenta que as operações servem como uma mensagem aos cartéis: quem tentar contrabandear drogas para os EUA enfrentará punição letal. A campanha inclui ainda pressão política direta sobre o presidente Nicolás Maduro, acusado pelo presidente de integrar um cartel de drogas. O governo americano oferece recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão do líder venezuelano.
As investidas foram condenadas em países da região e por uma série de juristas, em meio a preocupações de que as ações estejam em violação do direito internacional.
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