Brasil despenca e é destaque negativo em ranking de combate à corrupção
País desceu duas posições em relação ao ano passado, chegando ao sexto lugar entre 15 países latino-americanos
O combate à corrupção na América Latina passou uma nova onda de atrasos no ano passado em decorrência da pandemia de Covid-19, indica o Índice CCC 2021, apresentado em Londres nesta segunda-feira, 14. O Brasil, por sua vez, aparece como um dos destaques negativos por ter perdido duas posições em relação ao ano passado, chegando à sexta posição, entre 15 países latino-americanos.
A Americas Society/ Council of the Americas (AS/COA) e a Control Risks, consultoria especializada em riscos globais, lançaram pelo terceiro ano consecutivo o Índice de Capacidade de Combate à Corrupção (CCC) para avaliar como os países latino-americanos detectam e punem a corrupção.
Em nota divulgada nesta segunda-feira, o vice-presidente de política da AS/COA, Brian Winger, destacou que esse ranking revela que “os esforços de combate à corrupção são mais necessários em 2021 do que nunca”.
“A América Latina está entre as regiões mais afetadas pela pandemia”, destacou Winger, ao mesmo tempo em que observou que, “com os governos sob crescente pressão financeira e os sistemas de saúde seriamente afetados em muitos países, os efeitos perniciosos da corrupção na sociedade são ampliados”.
O ranking cobre 15 países latino-americanos — que representam quase 95% do PIB da região — e os avalia e classifica de acordo com a eficácia com que podem combater a corrupção, sendo aqueles com as pontuações mais altas considerados mais propensos a ver corruptos processados e punidos.
De acordo com o Índice CCC, o Uruguai é o país com a pontuação mais alta (7,80/10), seguido por Chile (6,51), Costa Rica (6,45), Peru (5,66) e Argentina (5,16) fechando o top 5.
O Brasil, por sua vez, aparece apenas na sexta posição, com 5,07 pontos, seguido por Colômbia (4,81), Equador (4,77), Panamá (4,55), República Dominicana (4,38), México (4,25), Paraguai (4,08), Guatemala (3,84), Bolívia (2,43) e Venezuela (1,40).
O Índice CCC constatou que cinco dos 15 países avaliados registraram reduções significativas em suas pontuações; sete permaneceram inalterados e três aumentaram acentuadamente; e concluiu-se que os dois maiores países e economias da América Latina, Brasil e México, sofreram alguns dos declínios mais acentuados.
O Brasil, que caiu do quarto para o sexto lugar, registrou uma queda de 11% na categoria de democracia e instituições políticas, onde o estado das relações Executivo-Legislativo foi um fator-chave, de acordo com o relatório.
Quanto ao México, sua pontuação caiu 7% em 2021 — do oitavo para o 11º lugar — e, neste caso, variáveis como as que medem a independência da procuradoria-geral e dos órgãos anticorrupção pesaram.
Por outro lado, a República Dominicana foi uma das que mais melhorou — de 13º para 10º — com avanços significativos na categoria de capacidade jurídica, “reflexo de uma campanha anticorrupção do presidente Luis Abinader”, detalhou o documento.
Por sua vez, Uruguai, Chile e Costa Rica demonstraram estabilidade nesta edição pela qualidade da democracia e pela força de suas instituições políticas, assim como o Peru, apesar da turbulência política no final de 2020.
O relatório também destacou que o Panamá e o Equador tiveram melhorias consideráveis em sua capacidade jurídica, enquanto os aumentos percebidos na politização das instituições anticorrupção reduziram a pontuação da Argentina e da Colômbia.
O índice CCC apontou ainda que a Guatemala — que caiu de 11º para 13º — caiu 5% neste ano e 16% desde 2019, enquanto a Venezuela continua na posição mais baixa.
No documento, Geert Albers, sócio da Control Risks, considera que o ranking revela “esforços anticorrupção desiguais e cada vez mais politizados em muitos países latino-americanos”, destacando assim “a necessidade de as empresas atualizarem suas avaliações de risco e recalibrar e fortalecer seus programas de conformidade”.
Para desenvolver o índice, foram analisadas 14 variáveis-chave, como a independência das instituições judiciais, a força do jornalismo investigativo e o nível de recursos disponíveis para combater os crimes de colarinho branco.
(Com EFE)