Boris Johnson mentiu deliberadamente sobre festas na pandemia, diz comitê
Parlamento britânico estava pronto para suspender ex-premiê por 90 dias antes dele renunciar ao cargo, na semana passada
![(FILES) Britain's Prime Minister Boris Johnson speaks during a virtual press conference to update the nation on the status of the Covid-19 pandemic, in the Downing Street briefing room in central London on January 4, 2022. An enquiry probing the UK government's handling of the coronavirus pandemic kicks off Tuesday with the investigation mired in controversy even before the first witness is called. The UK suffered one of the worst Covid-19 death tolls in Europe with over 128,500 deaths recorded by mid-July 2021. (Photo by JACK HILL / POOL / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/06/000_33J96P6.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Um relatório do Comitê de Privilégios do Parlamento britânico revelou, nesta quinta-feira, 15, que Boris Johnson, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, enganou deliberadamente seus colegas parlamentares sobre uma série de festas feitas na sede do governo durante o auge do lockdown da pandemia. Na tentativa de frustrar a investigação, Johnson também teria feito abusado e intimidado membros do comitê multipartidáro.
Em uma ação sem precedentes, o grupo parlamentar disse que Johnson “fechou sua mente para a verdade” e teria sido suspenso por 90 dias de seu cargo na Câmara dos Comuns, a casa baixa do legislativo, se não tivesse renunciado na semana passada, após ter acesso ao relatório.
Também foi descoberto que Johnson enganou deliberadamente o próprio comitê, violou as regras da Casa dos Comuns ao vazar parcialmente suas descobertas na última sexta-feira 9 e minou os processos democráticos do parlamento.
Como resultado, foi recomendado que Johnson fosse proibido acessar o Palácio de Westminster, sede do legislativo britânico.
O argumento de Johnson de que ele acreditava que todas as festas em Downing Street, a sede do governo, estavam dentro da legalidade foi descartado pelo comitê.
“Essa crença não tem base razoável nas regras ou nos fatos”, disse o relatório. “Uma pessoa razoável olhando para os eventos e as regras não teria a crença que Johnson professou.”
Johnson insistiu que todos os eventos do escândalo que ficou conhecido como Partygate estavam dentro das regras e foram ainda necessários para fornecer apoio à sua esposa grávida, Carrie. Segundo ele, as festas serviram para aumentar o moral da equipe do governo, o que o comitê avaliou como uma “interpretação convenientemente flexível das regras sobre [limites de] reuniões”.
O ex-primeiro-ministro acusou o comitê de tentar dar “o golpe final em um assassinato político prolongado”, dizendo que suas descobertas eram “absurdas” e um sinal de “desespero”.
“Este relatório é uma farsa”, afirmou Johnson em um comunicado. “Errei ao acreditar no comitê ou em sua boa fé. A terrível verdade é que não fui eu quem distorceu a verdade para servir aos meus propósitos. É [a presidente] Harriet Harman e seu comitê”.