‘Bloqueados do Twitter’ processam Donald Trump
Grupo alega que, ao impedir o acesso a sua conta na rede social, o presidente viola a Primeira Emenda da Constituição americana
Não bastassem as disputas com a justiça para a aprovação de decretos, o fracasso em obter apoio legislativo mesmo entre os membros do próprio partido, o isolamento internacional e o ruidoso embate com a imprensa, agora o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta também um processo movido por usuários do Twitter.
O grupo, formado por sete pessoas que foram bloqueadas na rede social pelo republicano, alega que a ação viola a Primeira Emenda da Constituição americana, que versa sobre a liberdade de expressão. Ao impedir os críticos de acessarem seus posts, o presidente estaria vetando sua participação em um “fórum público”. O bloqueio a usuários com base em suas opiniões equivaleria, portanto, ao cerceamento da liberdade de expressão garantida pela Primeira Emenda.
Apresentado pelo instituto Knight First Amendment (Cavaleiros da Primeira Emenda, em tradução livre) da Universidade de Columbia no começo do mês, o processo defende que o uso que Trump faz de sua conta no Twitter a tornou uma importante fonte de informações governamentais e um fórum de discussões de interesse público. “O bloqueio impõe uma restrição inconstitucional em sua participação em fóruns públicos”, diz o processo, que encaixa os tuítes na mesma categoria de audiências das prefeituras e de reuniões de conselho escolar, por exemplo.
A querela em torno dos bloqueios de Trump no Twitter não é nova. O republicano, que já tinha o habito de banir das redes sociais aqueles que discordassem de suas ideias muito antes de assumir a presidência, intensificou os bloqueios desde o início do ano. No caso de maior repercussão, em junho, cortou relacionamento virtual com o escritor Stephen King. Na última terça-feira, foi a vez da modelo Chrissy Teigen, mulher do músico John Legend, bradar aos quatro ventos que não pode mais seguir a conta presidente.
“Depois de nove anos odiando Donald J Trump, dizer a ele ‘ninguém gosta de você’, foi o limite”, ironizou a modelo.
A conta @realDonaldTrump, a mais usada pelo republicano, com mais de 35.400 publicações e quase 35 milhões de seguidores, é teoricamente de “uso pessoal”, já que o endereço oficial dos presidentes americanos no Twitter é @POTUS – que apenas cerca de mil posts e menos da metade dos seguidores. Mas, além do peso do cargo, que por si só já tornaria os comentários do presidente de interesse da nação, e de ser uma rede pública, Trump a utiliza como um canal oficial. Anuncia decisões do governo, responde a críticas, debate com opositores e provoca líderes internacionais. Nesta sexta-feira, Trump comunicou no Twitter a demissão do Chefe de Gabinete da Casa Branca e a nomeação de seu sucessor.
“Eu gostaria de agradecer a Reince Priebus pelo serviço e dedicação ao país. Nós realizamos muitas coisas juntos e tenho orgulho dele”.
“Estou contente em informar que eu acabei de nomear o General/Secretário John F Kelly como Chefe de Gabinete da Casa Branca. Ele é um grande americano”