Biden critica projeto que proíbe falar sobre orientação sexual em escolas
Encaminhado na terça-feira ao Senado, projeto de lei da Flórida é criticado por ativistas, mas louvado por grupos conservadores
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou na terça-feira, 8, um projeto de lei que busca proibir que os professores falem sobre orientação sexual nas escolas da Flórida, prometendo “proteger” jovens que pertencem à comunidade LGBTQIA+.
“Quero que todos os membros da comunidade LGBTQIA+, especialmente as crianças que serão afetadas por esta lei de ódio, saibam que são amados e aceitos como são”, disse o presidente em publicação no Twitter.
I want every member of the LGBTQI+ community — especially the kids who will be impacted by this hateful bill — to know that you are loved and accepted just as you are. I have your back, and my Administration will continue to fight for the protections and safety you deserve. https://t.co/OcAIMeVpHL
— President Biden (@POTUS) February 8, 2022
Biden também prometeu que a sua gestão “continuará a lutar pela proteção e segurança” das crianças na comunidade.
O projeto de lei, conhecido como “Don’t say gay” (“Não fale gay”, em tradução livre) tem objetivo de proibir discussões sobre identidade de gênero e orientação sexual nas escolas primárias da Flórida. Na terça-feira, o projeto avançou ao Senado, depois de ser aprovado pela Comissão de Educação da Câmara dos Representantes.
Na segunda-feira, em apoio ao projeto, o governador republicano Ron DeSantis disse considerar “totalmente inapropriado” que os professores tenham tais conversas com os estudantes.
“As escolas devem ensinar as crianças a ler e a escrever”, opinou o governador.
A iniciativa, impulsionada pelos republicanos e criticada pela comunidade LGBTQIA+, considera que as questões de orientação sexual não são “adequadas à idade e ao desenvolvimento dos estudantes”.
Ativistas, por outro lado, apontam que a proibição irá passar aos jovens a ideia de que identidade de gênero e orientação sexual são coisas para se envergonhar ou esconder, criando um ambiente inseguro e ineficaz de aprendizado.
“Isso apagaria a história e a cultura dos LGBTQIA + dos planos de aula e enviaria uma mensagem assustadora aos jovens das próximas gerações”, disse a diretora-executiva do grupo nacional de defesa da juventude GLSEN.
A repórteres, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, declarou na terça-feira que o projeto de lei é “uma legislação concebida para atingir e atacar crianças” da comunidade LGBTQIA+. Além disso, lamentou que este não seja um acontecimento “isolado” que ocorre apenas na Flórida.
“Em todo o país vemos republicanos regulando o que os estudantes podem ler, o que podem aprender e, de forma ainda mais preocupante, o que podem ser”, criticou.
O ano de 2021 foi histórico para a legislação anti-LGBT nos EUA. De acordo com dados do grupo Human Rights Campaign, 250 projetos de lei relacionados ao assunto foram apresentados e pelo menos 17 chegaram a ser promulgados.
Vários estados americanos como o Arizona, Alabama, Kentucky, Indiana, New Hampshire, Oklahoma e Dakota do Sul já introduziram esse tipo de legislação em seus territórios em 2022.
A Flórida é um dos estados em que jovens LGBTQIA + têm mais tendência ao suicídio, depressão e ansiedade – 42%, segundo pesquisa da organização The Trevor Project.