Autoridades dos EUA e Rússia se reúnem para discutir guerra na Ucrânia, sem a Ucrânia
Encontro marca guinada acentuada na política de isolamento aplicada por Washington contra Moscou desde a invasão russa ao território ucraniano

Sem a presença de representantes de Kiev e sob críticas feitas pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, autoridades dos Estados Unidos e da Rússia se reúnem nesta terça-feira, 18, na Arábia Saudita para debater a guerra na Ucrânia. O encontro marca uma guinada acentuada na política de isolamento aplicada por Washington contra Moscou desde a invasão russa ao território ucraniano, em 2022, e segue um telefone entre Donald Trump e Vladimir Putin, na semana passada.
Enquanto os EUA são representados pelo secretário de Estado Marco Rubio, o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e seu conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, a Russia enviou Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, e Yuri Ushakov, conselheiro de política externa do Kremlin.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos repórteres que as negociações seriam “principalmente dedicadas a restaurar todo o complexo das relações russo-americanas”, juntamente com discussões sobre “possíveis negociações sobre uma resolução ucraniana e a organização de uma reunião entre os dois presidentes”.
Ambos os lados minimizaram as chances de que a primeira reunião de alto nível entre os países desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, assumiu o cargo resultaria em um avanço. Ainda assim, o próprio fato de as negociações estarem acontecendo desencadeou preocupação na Ucrânia e na Europa após as recentes aberturas dos Estados Unidos em relação ao Kremlin.
Antes das negociações em Riad, autoridades russas disseram que buscariam a “normalização” com os Estados Unidos, inclusive considerando a possibilidade de que grandes empresas petrolíferas americanas pudessem retornar à Rússia. Os preparativos para uma possível cúpula entre os presidentes Trump e Vladimir Putin também devem estar na agenda.
Zelensky disse que Kiev “não sabia nada sobre” as negociações em Riad, de acordo com agências de notícias ucranianas, e que “não pode reconhecer nada ou nenhum acordo sobre nós sem nós”. Ele disse nas redes sociais que qualquer acordo de paz precisaria incluir garantias de segurança “robustas e confiáveis”, o que a França e a Grã-Bretanha pediram, mas nem todas as potências europeias apoiam.