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Até Bin Laden tinha medo do Estado Islâmico, diz CIA

Uma carta escrita por um de seus assessores sugere a crescente frustração de Bin Laden com sua organização terrorista

Por Da redação
20 jan 2017, 08h16

Meses antes de sua morte, Osama bin Laden demonstrou preocupação com as táticas violentas e impacientes do grupo Estado Islâmico e com o enfraquecimento da Al Qaeda, segundo documentos divulgados pela CIA na quinta-feira. Esta mais recente divulgação da coleção de documentos encontrados quando os Navy Seals invadiram o complexo secreto do chefe da Al Qaeda no Paquistão e o mataram, em 2011, mostra Bin Laden tentando manter seus seguidores jihadistas ao redor do mundo alinhados em sua guerra contra os Estados Unidos.

Os arquivos também revelam um pai preocupado, advertindo seus filhos para o risco de terem chips eletrônicos implantados no corpo e serem rastreados, e aconselhando os soldados da Al Qaeda no norte da África de que não havia problema em se masturbar. Bin Laden também gastou um tempo significativo tentando gerenciar o destino de estrangeiros sequestrados por redes distantes afiliadas ao seu grupo radical islâmico.

E demonstrou um forte interesse nas questões do país natal de sua família, o Iêmen, onde um novo braço poderoso — A Al Qaeda na Península Arábica (AQPA) — causava um grande impacto. Uma carta ao fundador da AQPA, Nasir al-Wuhayshi, advertia para que não avançasse muito rápido contra o governo, já que as condições ainda não eram as ideais para formar um Estado islâmico que pudesse governar efetivamente e resistir a ataques do exterior.

“Sangue não deve ser derramado a menos que tenhamos evidências que mostrem que os elementos de sucesso para estabelecer o Estado islâmico e mantê-lo estão disponíveis ou se vale a pena derramar este sangue para atingir estas metas”, escreveu. “Pode haver uma reação enorme que poderia nos arrastar para uma verdadeira guerra”, explicou.

Preocupação com união da Al Qaeda — Os documentos – que datam em sua maioria em torno de 2010 — alguns escritos por Bin Laden e outros em seu nome, mostram o chefe da Al Qaeda determinado a manter o foco de seu grupo nos Estados Unidos como seu inimigo. “Os inimigos da Ummah hoje são como uma árvore perversa”, escreveu, usando o termo que designa a comunidade mundial de muçulmanos. “O tronco desta árvore é os Estados Unidos”.

As cartas também revelam que Anwar al-Awlaki, um clérigo da Al Qaeda nascido nos Estados Unidos e radicado no Iêmen, era candidato a ser nomeado emir ou chefe da AQPA, com Bin Laden pedindo mais detalhes biográficos sobre ele. Bin Laden também demonstrou dúvidas, observando que “aqui nós confiamos nas pessoas depois de enviá-las à linha de frente e testá-las”. Awlaki, cujos textos inspiraram muitos convertidos para a causa jihadista, foi morto por um ataque de drone americano em setembro de 2011.

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Uma carta escrita por um de seus assessores sugere a crescente frustração de Bin Laden com sua organização quase uma década após os ataques do 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Bin Laden “falou sobre o medo de nossa organização envelhecer e atingir a decrepitude, como ocorreu com outras organizações”, disse a carta. Mas o chefe jihadista também teve tempo de dar conselhos pessoais a combatentes da Al-Qaeda no norte da África, presos a um “celibato infeliz” devido à falta de esposas disponíveis.

“Deus não se envergonha da verdade”, escreveu um assessor em uma carta, citando um conselho de Bin Laden. “Da forma como vemos, não temos nenhuma objeção em esclarecer aos irmãos que eles podem, nestas condições, se masturbar, já que este é um caso extremo”.

(Com agência France-Presse)

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