Ataques de Israel em Gaza deixam 50 mortos após Netanyahu prometer ‘pressão’
Primeiro-ministro israelense afirmou que exército vai tomar áreas no enclave para abrir 'corredor de segurança'

Ataques de Israel mataram pelo menos 55 pessoas na Faixa de Gaza, disseram autoridades locais nesta quinta-feira, 3, um dia após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometer que seu exército tomaria “grandes áreas” do enclave palestino e estabeleceria um novo corredor de segurança.
Israel prometeu intensificar a guerra com o Hamas, que corre há quase 18 meses, até que o grupo terrorista devolva os 59 reféns ainda em cativeiro, se desarme e deixe o território. Autoridades de Tel Aviv impuseram uma paralisação de um mês em todas as remessas de assistência humanitária ao enclave, incluindo aí alimentos e combustível, o que deixou os civis desamparados.
Autoridades em Khan Younis, na parte sul da faixa, disseram que os corpos de 14 pessoas foram levados para o Hospital Nasser — nove delas da mesma família. Os mortos incluíam cinco crianças e quatro mulheres. Os corpos de outras 19 pessoas, incluindo cinco crianças com idades entre 1 e 7 anos e uma mulher grávida, foram levados para o hospital europeu perto de Khan Younis, segundo médicos. Na Cidade de Gaza, 21 corpos foram levados para o hospital Ahli, incluindo os de sete crianças.
O exército israelense ordenou que os moradores de várias áreas — Shujaiya, Jadida, Turkomen e Zeytoun oriental — deixassem suas casas nesta quinta-feira, acrescentando que o exército “trabalhará com força extrema nessas áreas”. Os militares orientaram habitantes a se deslocarem para abrigos a oeste da Cidade de Gaza.
“Corredor de segurança”
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta quarta-feira, 2, que as forças do país estão “tomando território” e que planeja “dividir” a Faixa de Gaza, de forma a criar um corredor de segurança controlado pelo governo israelense. A declaração ocorre poucas horas após o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciar que o Exército pretende expandir a guerra contra o Hamas, iniciada em outubro de 2023, a fim de tomar “grandes áreas” no enclave palestino.
Líder de um dos partidos ultrarreligiosos de extrema direita que sustentam o governo de Netanyahu, Katz defende que Israel deve controlar o território para combater o terrorismo, uma noção que vai contra o direito internacional, além de afastar ainda mais a solução de dois estados com a criação de um país para os palestinos.
“Hoje à noite, mudamos de marcha na Faixa de Gaza. O Exército está tomando território, atacando os terroristas e destruindo a infraestrutura”, disse o premiê em declaração de vídeo. “Também estamos fazendo outra coisa – tomando a ‘rota Morag’. Esta será a segunda rota Philadelphi, outra rota Philadelphi”, acrescentou ele, referindo-se a um corredor controlado por Israel na fronteira Egito-Gaza.
“Como estamos atualmente dividindo a faixa, estamos adicionando pressão passo a passo, para que nossos reféns nos sejam entregues.”
Morag era um assentamento judeu que ficava entre Rafah e Khan Younis. O nome sugere, portanto, que um novo corredor foi estabelecido para separar as cidades ao sul. Após a eclosão da guerra, as Forças de Defesa de Israel (FDI) passaram a controlar zonas-tampão, como são chamadas áreas desmilitarizadas que dividem dois territórios, ao redor de Gaza. Ao todo, os soldados israelenses tomaram 62 km², ou 17% do território, desde 7 de outubro de 2023.
A Autoridade Palestina, liderada por rivais do Hamas, expressou sua “completa rejeição” à medida. Sua declaração também pediu que o grupo deixasse o poder em Gaza.
O Hamas disse que só libertará os 59 reféns restantes — 24 dos quais acredita-se estarem vivos — em troca da libertação de mais prisioneiros palestinos, um cessar-fogo duradouro e a retirada do exército israelense. O grupo rejeitou as exigências para se desarmar e deixar o território.