Ataque de Israel contra usina nuclear do Irã pode causar desastre como Chernobyl, alerta Rússia
Porta-voz do Exército israelense afirmou que país havia atacado local, mas posteriormente governo afirmou se tratar de um erro

Um ataque de Israel à usina nuclear de Bushehr, no Irã, pode levar a uma catástrofe semelhante à de Chernobyl, alertou o chefe da empresa de energia nuclear da Rússia nesta quinta-feira, 19. Mais cedo, um porta-voz do Exército israelense afirmou que o país havia atacado o local, mas posteriormente o governo afirmou se tratar de um erro — se confirmar nem negar se o local foi de fato alvejado –, e que foram atingidas as instalações de Natanz, Isfahan e Arak.
Bushehr é a única usina nuclear em operação no Irã e foi construída pela Rússia. Diversos especialistas russos ainda trabalham no local, que usa combustível russo e passa por um momento de expansão.
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“Se houver um ataque à primeira unidade de energia em operação, será uma catástrofe comparável a Chernobyl”, disse Alexei Likhachev, chefe da estatal russa Rosatom, segundo a agência de notícias estatal russa RIA.
Agências das Nações Unidas estimam que cerca de 4.000 pessoas morreram em decorrência da exposição à radiação após um reator explodir em Chernobyl, na Ucrânia soviética, em 1986.
Mais cedo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversou por telefone com o presidente da China, Xi Jinping, sobre a situação no Oriente Médio. A repórteres, o conselheiro presidencial russo Yuri Ushakov disse que “ambos os lados têm abordagens idênticas” e “condenam veementemente as ações de Israel que violam a Carta da ONU e outras normas da lei internacional” — durante a ligação, o presidente russo reforçou a oferta para agir como mediador no conflito, alegando boas relações com o Irã e Israel, embora o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, tenha dito que parecia haver pouco interesse por parte de autoridades israelenses.
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Um documento publicado pelo Ministério das Relações Exteriores da China sobre a participação de Xi no telefone conta ainda com uma mensagem velada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pondera entrada americana no conflito. Segundo reportagem do Wall Street Journal, o republicano teria dito a conselheiros na terça-feira que já aprovou planos de ataque ao Irã, mas aguarda para ver se Teerã irá abandonar seu programa nuclear.
Entre os alvos em uma eventual operaçã0 dos Estados Unidos, segundo as fontes ouvidas pela reportagem do WSJ, publicada nesta quinta-feira, 18, estaria a usina nuclear de Fordow, escondida sob uma cadeia de montanhas nos arredores da cidade sagrada de Qom, no centro do Irã, e um dos pontos mais secretos e impenetráveis do programa nuclear iraniano. A instalação subterrânea, segundo analistas militares americanos e europeus, opera a quase 90 metros de profundidade e abriga 2.700 centrífugas avançadas capazes de enriquecer urânio a 60% — um patamar que, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pode ser convertido em combustível para até nove ogivas nucleares em menos de um mês.