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Argélia expulsa 391 migrantes para o meio do deserto

ONGs classificam tratamento como "desumano"; imigrantes são obrigados a atravessar a fronteira de deserto com o Níger a pé, com pouca água ou alimentos

Por EFE Atualizado em 30 jul 2020, 20h15 - Publicado em 15 jul 2018, 17h27

A Argélia expulsou 391 imigrantes através da fronteira sul do país e as enviou ao deserto de Níger. Segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM), as condições dessas pessoas era “precária”.

Segundo o órgão, os expulsos, nascidos em países da África subsaariana, foram detidos pelas autoridades argelinas em diferentes cidades do país e levados para a fronteira sul. “Todos chegaram na sexta-feira à cidade de Amssaka após atravessar o deserto. A maioria deles trabalhava na Argélia de maneira irregular”, diz comunicado emitido pela entidade afiliada à Organização das Nações Unidas (ONU).

Os imigrantes foram detidos e levados em caminhões até In-Guezzam, uma passagem na fronteira. Ali, eram obrigados a atravessá-la a pé com muito pouca água e alimentos. Segundo o comunicado, há várias crianças e mulheres grávidas entre os expulsos.

A notícia da nova deportação, que não foi confirmada nem desmentida pelas autoridades argelinas, coincidiu com a sexta reunião do Comitê Bilateral entre Argélia e Níger. O encontro visa discutir exatamente assuntos da fronteira entre os dois países. O ministro do Interior da Argélia, Noureddin Bedoui, disse antes da reunião que o país não aceitará a abertura de centros de detenção transitórios propostos por diferentes governos europeus e que lutará contra a imigração com suas próprias políticas. Por outro lado, o governo de Níger abriu um escritório para colaborar com a OIM em um programa de gestão voluntária de repatriação de imigrantes da África subsaariana.

 

Organizações internacionais de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, classificaram como “desumano” o tratamento que o governo argelino dá a milhares de homens, mulheres e crianças imigrantes. “Desde janeiro, a Argélia expulsou milhares de homens, mulheres e crianças para Níger e Mali em condições desumanas. E, em muitos casos, sem considerar seu status legal na Argélia ou o grau de vulnerabilidade individual”, disse a HRW em comunicado.

A organização pediu que o governo da Argélia pare de expulsar pessoas de forma arbitrária e sumária, sugerindo a criação de um sistema de alocação equitativa e legal para os imigrantes no país. Em um relatório apresentado em fevereiro, a Anistia Internacional ressaltou que mais de 6,5 mil imigrantes procedentes da África subsaariana foram vítimas de prisões arbitrárias e expulsões forçadas no ano passado. Bedoui reconheceu em maio que o país expulsou 27 mil imigrantes nos últimos três anos, mas afirmou que todos tiveram seus direitos humanos respeitados pelo governo.

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