Sob as asas da China, Arábia Saudita e Irã restauram laços após 7 anos
Acordo entre os países, mediado por Pequim, se materializa pela primeira vez com encontro entre ministros das Relações Exteriores de ambas nações
Os ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, e do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, se encontraram pela primeira vez em sete anos nesta quinta-feira, 6, em Pequim. A reunião ocorreu poucas semanas depois que os dois países chegaram a um acordo histórico, mediado por autoridades chinesas, para restaurar as relações diplomáticas.
As duas autoridades se reuniram na China para discutir a reabertura de embaixadas, a nomeação de embaixadores e uma visita planejada do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, à Arábia Saudita. Além disso, os ministros também conversaram sobre a retomada dos voos entre os dois países e a emissão de vistos de turismo para iranianos e sauditas.
Em 2016, os países cortaram relações depois que milhares de manifestantes invadiram a embaixada saudita em Teerã, em protesto contra a execução, na Arábia Saudita, do clérigo muçulmano xiita Sheikh Nimr al-Nimr. Os países também disputaram o domínio do Oriente Médio e estiveram em lados opostos em vários conflitos regionais, incluindo guerras civis no Iêmen e na Síria.
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No entanto, no dia 10 de março, Teerã e Riad emitiram uma declaração conjunta surpresa, assinada por Pequim, para restabelecer as relações diplomáticas. O anúncio veio depois de dias de negociações na China.
O acordo foi visto como um gol diplomático do presidente chinês, Xi Jinping, que roubou o lugar dos Estados Unidos como grande potência no Oriente Médio enquanto tenta se posicionar como um pacificador global, principalmente no que diz respeito à guerra na Ucrânia. Xi ainda propôs sediar uma cúpula para líderes árabes do Golfo e autoridades iranianas ainda neste ano.
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Os Estados Unidos negam que o acordo mediado por Pequim representa um golpe na influência de Washington no Oriente Médio. Porém, o país foi deixado de lado nas negociações regionais subsequentes, principalmente nas mediações feitas pela Rússia entre a Arábia Saudita e a Síria.
Nesta semana, o diretor da CIA, William Burns, esteve na Arábia Saudita e expressou sua frustração pelo fato de Riad estar reabrindo o diálogo com países – Irã e Síria –, sujeitos a sanções dos Estados Unidos.