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Após fala de Putin, Trump volta a fazer jogo duplo com Ucrânia: ‘Pode ser russa um dia’

Presidente dos EUA também quer que ucranianos paguem US$ 500 bilhões em terras-raras em troca de ajuda militar contra a invasão

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 fev 2025, 15h06 - Publicado em 11 fev 2025, 10h05

Desde seu retorno à Casa Branca, Donald Trump tem pendido para a órbita de argumentação ucraniana ao falar sobre o fim da guerra com a Rússia, inclusive ameaçando impor tarifas e sanções “significativas” caso Vladimir Putin não interrompa sua invasão. Após Moscou afirmar, na segunda-feira 10, que todas as condições de Moscou devem ser cumpridas integralmente para o conflito se encerrar, porém, o presidente dos Estados Unidos parece ter voltado atrás, fazendo um jogo duplo que deve deixar Volodymyr Zelenksy de cabelos em pé.

Em entrevista na segunda-feira à emissora conservadora Fox News, Trump sugeriu que a Ucrânia “pode ser russa um dia” e também estipulou em 500 bilhões de dólares (cerca de 2,89 trilhões de reais) o pagamento em terras-raras (minerais estratégicos para o setor bélico e de alta tecnologia, cujos maiores depósitos mundiais são da China) que ele quer que Kiev faça por toda a ajuda militar passada e futura dos Estados Unidos.

“Eles (os ucranianos) podem fazer um acordo, eles podem não fazer um acordo. Eles podem ser russos um dia, eles podem não ser russos um dia”, disse ele.

Sobre os minerais, Zelensky já disse estar disposto a um acordo, mas seus recursos são limitados. Dos depósitos importantes de terras-raras na Ucrânia, ele só controla os da região de Dnipropetrovsk. O restante está no leste, onde grande parte do território é dominado pelos russos.

“Nós vamos ter todo esse dinheiro lá, e eu digo que quero ele de volta. E eu disse a eles que quero o equivalente a 500 bilhões de dólares em terras-raras. E eles essencialmente concordaram em fazer isso, então, ao menos nós não nos sentimos estúpidos”, afirmou Trump à Fox News.

Recuo de Putin

Os comentários de Trump vieram depois de Moscou ressaltar, na segunda-feira, que suas demandas maximalistas — conforme definidas por Putin em junho passado — continuaram sendo a proposta inicial no início das negociações.

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A “solução política como a imaginamos não pode ser alcançada de outra forma senão por meio da implementação completa do que foi pronunciado pelo presidente Putin quando falou ao Ministério das Relações Exteriores da Rússia em junho”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, em uma entrevista coletiva em Moscou em inglês.

No discurso em questão, os termos eram os seguintes: a Ucrânia deve abandonar o projeto de se juntar à Otan, além de retirar seus soldados das quatro regiões ucranianas anexadas e controladas majoritariamente pela Rússia. “Variações e meias-medidas não são o caminho que estamos preparados para seguir”, sublinhou Ryabkov.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, enfatizou o ponto, dizendo que, embora o governo esteja pronto para negociações com a Ucrânia, elas devem respeitar os interesses nacionais. Também afirmou que a guerra só pode acabar se as “razões fundamentais” por trás do conflito forem resolvidas, incluindo a adesão ucraniana à Otan e o “extermínio” de todos os aspectos da cultura russa na Ucrânia.

Anteriormente, Kiev afirmou que tais condições seriam equivalentes à rendição.

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A roda da diplomacia

Trump, que expressou repetidamente o desejo de encerrar o conflito o mais rápido possível, disse no último domingo 9 que via “progresso”, embora não tenha definido como espera acabar com o conflito. Ele afirmou ter tido contato com Putin, algo que o Kremlin não confirmou nem negou.

Os Estados Unidos enviaram nesta terça-feira 11 a embaixadora do país na Rússia, Lynne Tracy, para uma primeira conversa oficial na chancelaria russa. Oficialmente, ela foi recebida por Ryabkov para falar de operações nas embaixadas russas no exterior, mas espera-se que a Ucrânia entre na pauta.

Já o enviado especial de Trump para a Ucrânia e a Rússia, o general Keith Kellogg, deve se encontrar com Zelensky na Conferência de Segurança de Munique, um evento anual central na geopolítica, junto ao vice-presidente J.D. Vance. O evento vai de sexta-feira 14 até domingo 16. A expectativa é de que Kellogg indique quais ideias para a paz na Ucrânia estão na mesa de Trump (nada específico foi apresentado até agora). O indicado para lidar com a guerra irá à Ucrânia na semana que vem, sem data ainda para uma visita a Moscou.

Disposto a (quase) qualquer coisa

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou no domingo 9 que estaria pronto para sentar-se à mesa de negociações com os russos para discutir um acordo para o fim da guerra, garantindo que aceitaria qualquer formato de tratativas. Ele só afirmou ter uma condição para que isso ocorresse: que exista “um entendimento de que os Estados Unidos e a Europa não nos abandonarão” depois do conflito ser encerrado.

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Ele afirmou que a Ucrânia não deseja repetir a experiência de acordos de paz e negociações que falharam em produzir resultados nos anos que antecederam a invasão de Moscou, em 2022. Segundo o líder ucraniano, isso significa colocar em prática garantias de segurança.

“Simplesmente congelar o conflito levará repetidamente a mais agressões. Quem, então, ganhará prêmios e entrará para a história como o vencedor? Ninguém. Será uma derrota absoluta para todos, tanto para nós quanto para Trump”, disse Zelenskyy à emissora britânica ITV.

“Se eu tivesse um entendimento de que os Estados Unidos e a Europa não nos abandonariam e nos apoiariam e forneceriam garantias de segurança, eu estaria pronto para qualquer formato de conversas (com a Rússia)”, garantiu.

Anteriormente, ele sugeriu destacar 200.000 soldados europeus para uma força de manutenção de paz em seu país.

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