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Após golpe, militares garantem que futuro governo no Sudão será civil

Conselho transitório afirmou que não pretende instalar nova ditadura; descrentes, manifestantes continuam acampados nas ruas da capital, Cartum

Por Da Redação
12 abr 2019, 11h26

Depois de executarem um golpe que depôs o ditador Omar al-Bachir, o conselho militar do Sudão garantiu nesta sexta-feira, 12, que irá dialogar com “todas as entidades políticas” do país para que o futuro governo seja formado por civis.

“Vamos dialogar com todas as entidades políticas, com o objetivo de preparar o clima para as negociações e para a realização das nossas aspirações”, declarou o general Omar Zinelabidine, membro do Conselho militar de transição.

Na quinta-feira 11, após três décadas no poder, Bashir, de 75 anos, foi removido da presidência e preso pelas autoridades militares. Em um pronunciamento televisionado, o ministro da Defesa, Awad Ibn Ouf, afirmou que as Forças Armadas supervisionarão o período de transição de dois anos. Ele também anunciou o início de um estado de emergência de três meses.

Há meses, Bashir vinha sendo pressionado por manifestações em todo o país. Os protestos começaram em dezembro depois que o governo decidiu triplicar o preço do pão em um país mergulhado na crise econômica. Rapidamente, os atos se transformaram em um movimento contra o ditador.

Desde o último sábado 6, milhares de manifestantes exigiam, em frente ao quartel-general do Exército, o apoio dos militares, que interrompeu a programação da televisão estatal para transmitir o “importante anúncio das Forças Armadas.”

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Mas apesar das declarações dos militares nesta sexta, os manifestantes continuam acampados nas ruas da capital sudanesa, Cartum, temendo que os golpistas sejam próximos demais ao governo de Bashir, o que daria continuidade ao modelo de seu regime.

A decisão de não extraditar o líder por seus crimes de guerra ressoou como uma prova desta aliança. Em resposta às críticas, o conselho militar de transição argumentou que ele ainda pode ser submetido a julgamento dentro do Sudão.

O ex-ditador é alvo de dois mandados expedidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), que o acusa de comandar crimes de guerra e crimes contra a humanidade na região de Darfur entre 2003 e 2008.

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Bashir tomou o poder no Sudão em 30 de junho de 1989, graças a um golpe apoiado pelos islamistas contra o governo democraticamente eleito do então presidente Sadek Mahdi.

Em 2010, ele foi eleito presidente durante as primeiras eleições multipartidárias, boicotadas pela oposição. Foi reeleito em 2015.

(com AFP)

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