Após descartar Vaticano, Rússia propõe data e local para rodada de negociações de paz na Ucrânia
Chefe da delegação russa afirmou que aguarda resposta de Moscou

Depois de descartar uma oferta do Vaticano para sediar conversas, a Rússia propôs realizar a próxima rodada de negociações diretas de paz com a Ucrânia em 2 de junho, em Istambul, na Turquia, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, nesta quarta-feira 28.
“A parte russa, conforme acordado, elaborou prontamente um memorando relevante, que define nossa posição sobre todos os aspectos para superar de forma confiável as causas profundas da crise”, afirmou Lavrov.
O ministro russo ainda acrescentou que a delegação da Rússia, liderada por Vladimir Medinskiy, está pronta para apresentar um memorando aos representantes ucranianos e prestar os esclarecimentos necessários. Medinsky havia dito anteriormente que ligou para o ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, com as propostas de data e local para o próximo encontro.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, por sua vez, afirmou que os dois países preparariam documentos sobre “modalidades de acordo e cessar-fogo” e discutiriam e trocariam os arquivos na próxima rodada de negociações.
A última rodada de negociações entre as duas delegações também foi realizada em Istambul no início deste mês, mas os lados não chegaram a um acordo para um cessar-fogo.
Na semana passada, Lavrov afirmou que, apesar de endosso de países mediadores e convite do papa Leão XIV, o Vaticano não seria uma “opção elegante” para contemplar países cristãos ortodoxos, como é o caso da Rússia.
“Não seria muito elegante que países ortodoxos discutissem em território católico temas relacionadas a eliminar as causas fundamentais do conflito”, disse o chanceler. “Para o próprio Vaticano não seria muito cômodo, nas atuais circunstâncias, receber delegações de países ortodoxos”.
Como parte de suas condições para encerrar a guerra na Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, quer que líderes ocidentais se comprometam por escrito a parar de expandir a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para o leste europeu e suspendam uma parte das sanções impostas a Moscou, disseram três fontes russas familiarizadas com as negociações pela paz à agência de notícias Reuters, na quarta-feira.
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A exigência de Putin pressiona a aliança liderada pelos Estados Unidos a descartar formalmente a adesão à Otan da Ucrânia, Geórgia e Moldávia. O presidente e outras autoridades russas já disseram repetidamente que qualquer acordo de paz deveria abordar as “causas profundas” do conflito, se referindo à questão da ampliação da Otan e do apoio ocidental à Ucrânia.
Frustrado com a postura do Kremlin nas negociações de paz, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse na terça-feira que Putin está “brincando com fogo”, após renovados ataques da Rússia contra Kiev, que deixaram ao menos 13 mortos no fim de semana.
“O que Vladimir Putin não percebe é que, se não fosse por mim, muitas coisas realmente ruins já teriam acontecido com a Rússia. Ele está brincando com fogo”, escreveu Trump na rede Truth Social.