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Após críticas de Trump a Putin, Kremlin tenta evitar conflito e se diz aberto a conversas

'Revoltado', o presidente americano ameaçou impor tarifas de 25% a 50% aos países que compram petróleo russo

Por Sara Salbert, Amanda Péchy SEGUIR SEGUINDO 31 mar 2025, 10h51

O presidente dos EUA, Donald Trump (esq.), e o presidente russo, Vladimir Putin. (Brendan Smialowski e Maxim Shemetov/AFP)

O Kremlin disse nesta segunda-feira, 31, que os Estados Unidos e a Rússia estão trabalhando para alcançar um possível acordo de paz na Ucrânia e na construção de laços bilaterais, após o presidente americano Donald Trump dizer que estava “muito bravo” e “revoltado” com a abordagem de seu homólogo russo, Vladimir Putin, em relação a um cessar-fogo na guerra.

O republicano, que tem feito manobras arriscadas e se aproximado de Putin para pressionar Kiev e Moscou a concordarem rapidamente com um acordo de cessar-fogo, também indicou no domingo que pretende impor uma tarifa de 25% a 50% contra países que compram petróleo russo. Trump ainda criticou os questionamentos de Putin à credibilidade do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apesar dele mesmo tê-lo chamado anteriormente de “ditador” devido à ausência de eleições. O mandato de Zelensky expirou no ano passado, mas não houve novo pleito porque o país está sob lei marcial (estado de guerra).

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“Trabalho em andamento”

Questionado sobre os comentários de Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Moscou continua trabalhando com Washington e que Putin permanece aberto ao contato com Trump. “Continuamos trabalhando com o lado americano, antes de tudo, para construir nossas relações bilaterais, que foram gravemente prejudicadas durante o governo anterior”, disse ele.

“E também estamos trabalhando na implementação de algumas ideias relacionadas ao acordo ucraniano. Este trabalho está em andamento, mas até agora não há detalhes específicos que poderíamos ou deveríamos contar a vocês. Este é um processo demorado, provavelmente devido à sua complexidade”, completou Peskov.

Nas últimas semanas, os EUA anunciaram acordos separados com ambos os países para interromper ataques no Mar Negro e contra alvos energéticos, vistos como um passo em direção a um cessar-fogo mais amplo à guerra que já dura três anos. No entanto, a troca de acusações de violação do pacto expõem a fragilidade da trégua, uma vez não ficou claro se as moratórias seriam implementadas imediatamente após o comunicado americano.

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Peskov também afirmou que “não há nenhuma ligação telefônica programada” entre Putin e Trump, mas que “quando for necessário, sua conversa será prontamente organizada”. Até agora, houve dois telefonemas entre Putin e Trump este ano – em 12 de fevereiro e em 18 de março –, embora haja especulações sobre contato muito mais frequente, e também relatos de que eles conversaram antes do americano ser eleito no ano passado.

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Ataques contínuos

A Rússia bombardeou a cidade de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, pela segunda noite consecutiva, ferindo duas pessoas, provocando incêndios e danificando um jardim de infância e casas, disseram autoridades ucranianas na manhã desta segunda-feira, 31. Os ataques duraram a maior parte da noite, segundo o prefeito de Kharkiv, Ihor Terekhov. No domingo, Zelensky afirmou que Moscou havia disparado mais de 1.000 drones na semana passada.

De acordo com a força aérea ucraniana, a Rússia lançou 131 drones e dois mísseis balísticos durante ataques noturnos, 57 dos quais foram abatidos. Outros 45 drones não atingiram seus alvos, provavelmente devido a contramedidas eletrônicas. Os militares não especificaram o que aconteceu com os 29 drones restantes.

As unidades de defesa aérea da Rússia, por sua vez, disseram ter interceptado 66 drones ucranianos durante a noite, disse o Ministério da Defesa do país nesta manhã. Do total, 41 dos drones foram destruídos sobre a região de Bryansk, 24 sobre a região de Kaluga e um sobre a região de Kursk. Não houve registros de vítimas.

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