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Após criticar China, fundador do Alibaba não é visto desde outubro

Em dezembro, autoridades anunciaram investigação contra o grupo fundado por Jack Ma por 'práticas suspeitas de monopólio'

Por Da Redação Atualizado em 4 jan 2021, 12h45 - Publicado em 4 jan 2021, 11h57

Em meio a uma ampla investigação da China sobre o gigante do comércio online Alibaba por “práticas suspeitas de monopólio”, a ausência do fundador do grupo, Jack Ma, em eventos públicos vem gerando especulações sobre seu paradeiro. 

O empresário não é visto em público desde um fórum em Xangai no final de outubro, quando criticou o sistema regulatório chinês em discurso, entrando em rota de colisão com autoridades do governo. Na ocasião, ele afirmou que “a China não tem um problema de risco financeiro sistêmico”.

“As finanças chinesas basicamente não carregam riscos; em vez disso, o risco vem da falta de um sistema. A boa inovação não tem medo de regulamentação, mas tem medo de regulamentação desatualizada”, disse no evento em outubro. “Não devemos usar a maneira de administrar uma estação de trem para regular um aeroporto.”

Na sexta-feira, o Financial Times afirmou que Ma foi inclusive substituído em novembro como juiz no episódio final de um programa de TV chamado “Africa’s Business Heroes”. Uma porta-voz do Alibaba afirmou à agência Reuters nesta segunda-feira que a mudança aconteceu por um conflito de agendas, sem mais detalhes. 

Em possível represália, em 23 de dezembro, a Administração Estatal de Regulamentação do Mercado anunciou a investigação, provocando uma forte queda nas ações da empresa, que chegou a 8%, durante sessão na Bolsa de Valores de Hong Kong. Junto a isso, o grupo, que é dono da maior plataforma de pagamento digital do país, a Alipay, teria que reduzir suas operações, por causa de supostas falhas na governança corporativa da companhia.

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Segundo o Bloomberg Billionaires Index, a fortuna de Ma foi reduzida em quase 11 bilhões de dólares desde o fim de outubro, somando agora 50,9 bilhões.

As autoridades não divulgaram detalhes sobre o que reprovam no Alibaba, exceto um “acordo de exclusividade”, do qual não se sabe mais nada.

“Sem dúvida há uma escalada de esforços coordenados destinados a obstruir o império de Jack Ma, que simboliza as novas entidades chinesas, grandes demais para falir”, disse o analista Dong Ximiao, do Instituto de Finanças na Internet de Zhongguancun, o “Vale do Silício” de Pequim, citado pela agência Bloomberg.

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A possível escalada é corroborada por uma publicação da Xinhua, agência de notícias estatal chinesa, com o título “Não fale impensadamente, não faça o que quiser”. O texto foi acompanhado de uma pintura que mostra uma nuvem no céu em forma de cavalo, uma referência direta a Jack Ma, cujo nome original é Mǎ Yún. O nome em chinês, por sua vez, significa literalmente nuvem em forma de cavalo.

O gigante do comércio pela internet prometeu “cooperar ativamente na investigação com os reguladores”.

A Administração Estatal de Regulamentação do Mercado também anunciou que entrou em contato com o Ant Group, líder global em pagamentos online e subsidiária da Alibaba, para discutir “supervisão e aconselhamento”, algumas semanas depois de Pequim frustrar no último minuto seu IPO. A entrada na Bolsa do grupo prometia estabelecer um recorde no mundo, com 34,4 bilhões de dólares.

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“A mensagem política subliminar é que nenhuma empresa ou indivíduo tem o direito de desafiar o Partido Comunista, independente de seu tamanho”, disse Richard McGregor, do Instituto Lowy, em Sydney.

Aos 56 anos, Ma se afastou oficialmente do grupo após sua aposentadoria no ano passado. Mas ele mantém uma influência inegável no Alibaba e no Ant Group por meio da carteira de ações.

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