Após condenação de Trump, começa julgamento de filho de Biden nos EUA
Hunter Biden é acusado de posse ilegal de arma de fogo enquanto ainda consumia drogas; outro caso deve ser julgado em setembro
Poucos dias após o ex-presidente americano Donald Trump ser considerado culpado de falsificação de registros de negócios em um tribunal de Nova York, começou nesta segunda-feira, 3, o julgamento de Hunter Biden, primogênito do chefe da Casa Branca, Joe Biden. Ele é acusado de posse ilegal de arma de fogo, o que o tornou o primeiro filho de um presidente dos Estados Unidos a ser levado à Justiça criminal, aumentando ainda mais a tensão da corrida eleitoral no país.
O processo, que deve durar de três a cinco dias, começou nesta segunda, com a seleção do júri. O tribunal responsável fica em Wilmington, Delaware — a poucos passos da sede da campanha de seu pai —, o que deve aumentar as turbulências enquanto ele concorre à reeleição. Hunter é acusado de três violações federais de posse de arma de fogo, durante o período em que ainda fazia uso de drogas. Os promotores alegam que ele mentiu sobre o abuso de substâncias em um formulário federal para driblar a lei, que impede adictos de comprar armas de fogo.
Entre a família e o Salão Oval
O procurador especial do Departamento de Justiça americano, David Weiss, indicou que planeja abordar eventos do passado da família Biden relacionados à conduta de Hunter, que inclusive envolvem o presidente. A Casa Branca tem tentado pintar o julgamento como um assunto privado do filho de Biden, ligado ao seu comportamento pessoal de anos atrás. De acordo com a agência de notícias Bloomberg, que ouviu uma pessoa familiarizada com o caso, a Presidência não tem planos de se envolver ou comentar publicamente o julgamento.
Existe a possibilidade de um acordo judicial de última hora, algo que Hunter Biden quase conseguiu no ano passado – antes de recusar-se a declarar-se culpado dos crimes pelos quais é acusado. No entanto, a principal estratégia da equipe jurídica do filho do presidente deve ser argumentar que o indiciamento é inconstitucional por violar a Segunda Emenda, que protege o direito à autodefesa (inclusive por meio de porte de armas), bem como apontar falhas na apresentação de provas pelo Departamento de Justiça.
Eleições e tribunais
O julgamento de Hunter se prepara para tornar-se mais um espetáculo politizado após as audiências que condenaram Trump, na última quinta-feira, 30, por 34 acusações de falsificação de registros comerciais para encobrir um affair com uma estrela pornô durante a corrida eleitoral de 2016.
Além disso, Hunter Biden também foi acusado em Los Angeles por nove violações no pagamento de impostos federais sobre atividades comerciais no exterior. A ação, considerada mais séria, deve ser julgada em setembro.