Após chuvas, Alemanha sofre com inundações que já deixaram quatro mortos
Desastres naturais se tornam cada vez mais recorrentes no país enquanto especialistas alertam que meta de redução das emissões de CO2 não será cumprida
O número de mortos devido a inundações provocadas por chuvas torrenciais na Alemanha aumentou para quatro nesta segunda-feira, 3, ao passo que milhares de pessoas precisaram deixar suas casas devido às tempestades que tiveram início na sexta-feira 31.
As cidades do sul do país, localizadas entre as fronteiras com a Suíça e a República Checa, foram as principais atingidas. Diversas barragens transbordaram e se romperam pela intensidade das chuvas, enquanto um deslizamento de terra casou o descarrilamento de um trem em movimento que viajava de Stuttgart para Augsburg no domingo 2.
Um dos mortos foi um bombeiro de 22 anos, que perdeu a vida enquanto estava em barco de resgate que virou a 50 quilômetros de Munique no domingo. Os corpos de outras três pessoas foram encontrados em suas casas nesta segunda-feira.
A cidade de Regensburg decretou estado de emergência, temerosa de que os dilúvios recordes de 2013 e 2002 se repitam.
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, fez uma viagem com sua ministra do Interior, Nancy Faeser, nesta segunda-feira, 3, para percorrer as áreas atingidas pelas enchentes. O chefe de Estado agradeceu às equipes de resgate por tentarem “evitar que o pior acontecesse e salvar vidas”.
Crise climática
É a terceira vez que uma grande inundação atinge a Alemanha neste ano. Cientistas afirmam que o número de desastres naturais só deve aumentar na região sul do país devido ao aquecimento global, resultado da ação humana.
O vice-chanceler alemão, Robert Habeck, afirmou neste domingo que, para evitar essas tragédias, a redução de emissões de gases de efeito estufa responsáveis pela alta nas temperaturas deveriam ser a “principal prioridade” do governo.
A Alemanha pretende reduzir suas emissões em 65% em comparação com 1990 até o final desta década, parte de um plano para zerar as emissões líquidas de carbono até 2045. Em março, Habeck afirmou que o país estava no caminho certo para atingir essa meta, mas o presidente conselho governamental de especialistas em clima, Hans-Martin Henning, já alertou que a meta climática para 2030 não será cumprida.
Durante a visita a Reichertshofen, área ao norte de Munique atingida pelas inundações, Scholz afirmou que essas tragédias não são mais “únicas”.
“Esta é uma indicação de que algo está acontecendo aqui. Não devemos negligenciar a tarefa de deter as mudanças climáticas provocadas pelo homem”, acrescentou Scholz.