Após ‘Alcatraz dos Jacarés’, Flórida anuncia segundo centro de detenção de imigrantes
Nova prisão reforça endurecimento das políticas migratórias no estado

O governador da Flórida, Ron DeSantis, anunciou nesta quinta-feira, 14, a abertura de um segundo centro estadual para detenção de imigrantes, apelidado por ele de “depósito de deportação”. A unidade será instalada na desativada Baker Correctional Institution, prisão fechada em 2021 na zona rural de Sanderson, com capacidade inicial para 1.300 detentos e possibilidade de expansão para 2 mil.
O projeto, estimado em US$ 6 milhões (cerca de R$ 32,5 milhões), será integralmente reembolsado pelo governo federal, segundo DeSantis. A escolha do local considerou a proximidade do aeroporto de Lake City, o que permitirá o transporte aéreo rápido de grandes grupos de detidos.
“Há uma demanda para isso, e acho que será plenamente atendida”, afirmou o governador, que mantém alinhamento estreito com o presidente Donald Trump na política migratória, sem apresentar dados.
Inicialmente, DeSantis havia sugerido Camp Blanding, base de treinamento da Guarda Nacional, como possível local, mas a pista de pouso não comportaria aeronaves grandes o suficiente para transportar muitos detentos.
O novo centro seguirá o modelo da primeira unidade estadual, a chamada “Alcatraz dos Jacarés”, inaugurada em julho com a presença de Trump. Localizada nos Everglades, em um antigo aeródromo militar, a instalação é formada por contêineres e tendas cercados por alambrados, com capacidade para até 5 mil pessoas. O governo destaca o isolamento geográfico — está literalmente no meio de um pântano cercado por jacarés, crocodilos e cobras — como medida para dificultar fugas, mas a unidade enfrenta críticas sobre custos, condições precárias e impacto ambiental.
Atualmente, a “Alcatraz” está no centro de disputas judiciais. Ambientalistas e líderes indígenas acusam o governo de ameaçar ecossistemas frágeis e violar terras sagradas. Um juiz federal chegou a suspender as obras por 14 dias, citando riscos à biodiversidade e poluição luminosa e sonora. Organizações de direitos humanos denunciam ainda que o isolamento dificulta o acesso a advogados e aumenta o risco de abusos e negligência.