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Após advertência chinesa, Apple remove app usado em protestos de Hong Kong

Pequim também trava batalha contra a NBA, a joalheria Tiffany & Co. e a fabricante de calçados Vans por suposto apoio a manifestantes

Por Da Redação
Atualizado em 10 out 2019, 11h24 - Publicado em 10 out 2019, 11h21

A Apple removeu nesta quinta-feira, 10, o aplicativo HKmap.live, utilizado por manifestantes de Hong Kong para localizar policiais em tempo real, após a imprensa chinesa acusar a empresa de tecnologia americana de apoiar o movimento pró-democracia na cidade.

O HKmap.live é um mapa alimentado pelos usuários, que atualizam, em tempo real, o local de protestos e a quantidade de policiais nas ruas. A imprensa estatal chinesa criticou durante a semana o aplicativo, por considerar que auxilia os “agitadores” que protestam contra a influência da China em Hong Kong.

O Diário do Povo afirmou que, ao disponibilizar o aplicativo, a Apple estava “misturando negócios e política, e inclusive atos ilegais”. Nesta quinta-feira, o aplicativo não pode mais ser encontrado na App Store em Hong Kong.

A ex-colônia britânica é cenário há quatro meses de uma crise política sem precedentes desde sua devolução à China, em 1997, com manifestações quase diárias para exigir mais liberdades e denunciar as crescentes interferências de Pequim nas questões da região semiautônoma.

Em um comunicado, a Apple afirmou que muitos clientes preocupados com as manifestações entraram em contato para falar do dispositivo de mapeamento. Após investigações, a empresa concluiu que o HKmap.live estava sendo usado para emboscar e atacar policiais.

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“Foi utilizado por criminosos para prejudicar os moradores de zonas em que sabiam que não havia forças de segurança”, completa o texto.

Os desenvolvedores do HKmap.live negaram que o aplicativo estimule qualquer atividade criminosa e afirmaram que a decisão da Apple constitui um ato de “censura” e uma “decisão claramente política para diminuir a liberdade”.

As versões do HKmap.live para Android estavam disponíveis para download nesta quinta-feira. Esta não é a primeira vez que o aplicativo é proibido pela Apple. No início do mês, o programa já havia sido retirado do ar pela empresa, mas voltou a ser oferecido na semana passada.

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Os moradores de Hong Kong reclamaram da decisão da Apple nas redes sociais. “Muitas pessoas estão assustadas pelo uso por parte da polícia de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Elas usam o aplicativo para evitar os bandidos descontrolados da polícia”, escreveu o deputado pró-democracia Charles Mok no Facebook.

“A Apple sabe que o aplicativo tem a função de proteger a segurança das pessoas?”, completou.

A Apple tomou a decisão depois de eliminar, também esta semana, o emoticon da bandeira de Taiwan de seu sistema operacional iOS 13 para os usuários de Hong Kong e de Macau. O símbolo, no entanto, permanece disponível nos telefones com contas da Apple estabelecidas em outras jurisdições.

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A organização de notícias econômicas Quartz também anunciou que seu aplicativo foi retirado da versão chinesa da App Store da Apple após as queixas do governo de Pequim.

Fontes da Quartz afirmaram ao portal The Verge que a proibição foi motivada pela cobertura dos protestos. Além disso, eles informaram que a Apple enviou uma notificação com a explicação de que o aplicativo para celulares “incluía conteúdo ilegal na China”.

Outras empresas e marcas internacionais foram afetadas recentemente por advertências similares do governo chinês, que não tolera atitudes contrárias às determinadas pelo Partido Comunista em questões políticas sensíveis.

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Esta semana, o canal público CCTV cancelou a exibição de partidas da NBA depois que o diretor executivo do time Houston Rockets, Daryl Morey, expressou apoio aos manifestantes de Hong Kong em uma mensagem no Twitter. Vários patrocinadores chineses cortaram laços com a NBA.

A empresa americana joias Tiffany & Co. também teve que retirar um anúncio publicitário que os consumidores chineses interpretaram como um apoio aos manifestantes de Hong Kong.

A fabricante de calçados Vans eliminou duas candidaturas de um concurso de design online que mostravam imagens dos protestos.

(Com AFP)

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