Apenas em janeiro, Portugal tem 44% das mortes de toda pandemia
Após relaxamento das restrições no Natal e Ano Novo, país foi de sucesso no combate à doença a exemplo a não ser seguido
Portugal registrou, ao longo de todo o mês de janeiro, 5.576 mortes provocadas pela Covid-19, o que representa quase a metade das notificações contabilizadas desde o início da pandemia. Nas últimas semanas, o país se tornou a nação a registrar mais casos diários por milhão de habitantes no mundo, e vive uma crise sanitária sem precedentes.
Segundo as estatísticas oficiais, a quantidade de vítimas no primeiro mês de 2021 representa 44,6% do total. Além disso, foram notificados 306.838 casos de infecção pelo novo coronavírus no país, 42,6% dos positivos registrados desde que começou a propagação do patógeno, em março do ano passado.
Ao longo de janeiro, Portugal teve uma média de 180 óbitos por dia. Apenas na última semana do mês, foram contabilizadas 2.013 vítimas da Covid-19.
As internações ainda subiram mais de 70% em poucas semanas, mas começaram a cair na semana passada. Ainda assim, os hospitais do país seguem saturados. O vertiginoso aumento de casos e mortes ainda coloca casas funerárias do país à beira do colapso.
“Estamos numa situação de pré-catástrofe”, disse João Gouveia, responsável pela Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a Covid-19, durante uma entrevista no sábado 30 à rádio e televisão RTP.
Diante da situação de caos, Alemanha e Áustria oferecessem ajuda, o primeiro país com envio de equipe médica, e o segundo com aceitação de transferência de vários pacientes da doença.
Os quase 10 milhões de portugueses estão submetidos desde 15 de janeiro a um segundo confinamento geral. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa decidiu propor a prorrogação da quarentena nacional até 1º de maio, medida que provavelmente será aprovada pelo Parlamento.
De exemplo a recorde mundial
Elogiado por seu sucesso no combate à pandemia até o final de 2020, Portugal rapidamente se transformou em um exemplo a não ser seguido após um aumento de casos entre outubro e novembro, que foi potencializado pelas reunião de final de ano.
O governo decidiu reduzir as restrições sanitárias no fim de semana de Natal e Ano Novo, o que segundo especialistas pode ter contribuído para a situação atual. Médicos epidemiologistas já previam que a medida poderia levar a uma catástrofe e, inclusive, advertiram contra a decisão de não proibir a circulação e as viagens interestaduais no período de festas.
O país tinha uma média diária de 4.000 casos, 500 pacientes internados na UTI e 80 mortes antes das celebrações de final de ano. Mas os dados começaram a disparar a partir de 6 de janeiro de 2021, quando o recorde de 10.000 novos infectados em 24 horas foi ultrapassado pela primeira vez.
Ainda devido aos problemas da distribuição de vacinas na União Europeia, o ritmo da vacinação, que começou no dia 27 de dezembro, tem sido lento em Portugal. Pouco mais de 70.000 pessoas haviam tomado as duas doses da vacina contra o novo coronavírus até o final da última semana.
(Com AFP e EFE)