Aos 104 anos, cientista australiano se submete a suicídio assistido
Idoso deixou a Austrália, onde a prática é proibida, para realizar o procedimento na Suíça; morreu cercado pela família, escutando Beethoven
O ecologista australiano David Goodall, de 104 anos, morreu nesta quinta-feira (10) na Basileia, Suíça, em processo de suicídio assistido realizado pela organização Exit. Goodall recebeu uma injeção de medicamento letal, informou a entidade, a quem ele havia solicitado auxílio para encerrar sua vida.
Ele passou suas últimas horas com a família e escutou a 9ª sinfonia de Beethoven antes de ativar o mecanismo da injeção. Goodall adormeceu em poucos minutos e morreu às 12h30 (horário local, 7h30 em Brasília), conforme um comunicado da instituição. Uma das suas razões para seu suicídio foi a decisão da Edith Cowan University, onde era professor emérito, de impedi-lo de deslocar-se para a universidade e forçá-lo a trabalhar de sua casa.
O cientista pediu para ter seu corpo doado para estudos ou, caso não pudesse ser usado, ter suas cinzas espalhadas em algum lugar perto da instituição, que tem sede na cidade de Basileia, na Suíça. Ele não queria cerimônias nem funeral porque afirmava não acreditar em vida após a morte.
Em entrevista coletiva na quarta, Goodall disse que esperava que sua “partida” ajudasse a modificar a legislação australiana, para que os idosos possam decidir sobre o fim de suas vidas. O estudioso não estava doente e disse que preferia ter morrido no próprio país, onde tentou um suicídio fracassado. Posteriormente, ele sofreu uma queda, que provocou um considerável declive de seu estado físico.
Após esses episódios, ele decidiu procurar a organização Exit e ir à Suíça para cumprir o desejo. Ao chegar à Suíça, na segunda-feira passada, foi examinado por dois médicos – um deles, psiquiatra -, e teve a aprovação para o ato.
Goodall, um renomado botânico que publicou diversos trabalhos em revistas científicas, transformou-se em um ativista da eutanásia, ato que é proibido na Austrália – exceto em um estado, que a legalizou recentemente, mas de forma muito restrita e que só passará a valer no ano que vem.
(Com EFE)