Ao lado de Petro e Obrador, Lula se reúne com Maduro para buscar ‘soluções’ para Venezuela
Segundo chanceler da Colômbia, mandado de prisão contra Edmundo González, da oposição, 'gerou muita preocupação' dos três países
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará de uma reunião virtual nesta quarta-feira, 4, com o seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, para encontrar “soluções” para o impasse eleitoral na Venezuela, informou o jornal Infobae Colômbia.
Os líderes do México e da Colômbia, Andrés Manuel López Obrador e Gustavo Petro, respectivamente, também participarão do encontro.
“Provavelmente poderá ser realizada uma reunião entre os três presidentes com o presidente Maduro para expressar suas posições, manter um diálogo sob sigilo diplomático para encontrar soluções e aí determinarão suas posições subjacentes”, disse o ministro das Relações Exteriores colombiano, Luis Gilberto Murillo, em entrevista à Rádio Caracol.
Além disso, ele frisou que “Colômbia, Brasil e México têm desempenhado um papel facilitador na busca da paz política na Venezuela, sempre convidando ao diálogo”, acrescentando que “o fato de ter sido emitido um mandado de prisão contra Edmundo González (candidato que a oposição diz ter vencido o pleito) gerou muita preocupação”. Segundo o chanceler, “estão equilibrando as agendas dos presidentes” para que a discussão tome palco nesta quarta-feira.
Em 29 de julho, o Conselho Nacional Federal (CNE), órgão federal controlado pela ditadura, apontou a reeleição de Maduro com 51% dos votos, contra 44% de González, que substituiu María Corina, vencedora das primárias da oposição, após ser inabilitada pelo regime chavista. Em contraste, sondagens de boca de urna e levantamentos independentes sugeriram que o rival de Maduro teria vencido o pleito com 65% de apoio, contra apenas 31% do líder bolivariano.
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Laços com Maduro
Em declarações anteriores, Lula, Petro e Obrador cobraram que o CNE divulgue as atas eleitorais, que contém informações sobre cada centro de votação, para confirmar o triunfo do regime chavista. No entanto, o trio mantém boas relações com Maduro e, em comentários, amenizam para a situação política na Venezuela.
Enquanto o líder mexicano defendeu que não haja “desconhecimento a priori” da vitória chavista, Lula e Petro aumentaram o tom para que Maduro publique os relatórios, mas reiteraram “total oposição à continuada aplicação de sanções unilaterais como instrumento de pressão” em declaração conjunta, emitida no mês passado. Em outra nota, nesta terça-feira, a dupla expressou preocupação com o pedido de prisão contra González.
“Esta medida judicial afeta gravemente os compromissos assumidos pelo Governo venezuelano no âmbito dos Acordos de Barbados, em que governo e oposição reafirmaram seu compromisso com o fortalecimento da democracia e a promoção de uma cultura de tolerância e convivência. Dificulta, ademais, a busca por solução pacífica, com base no diálogo entre as principais forças políticas venezuelanas”, concluiu o texto.
Ainda em agosto, o petista disse que há nada “grave” no processo eleitoral venezuelano e que “é normal que tenha uma briga”, em entrevista à TV Centro América, afiliada da Rede Globo. Ele também criticou a imprensa brasileira por tratar a sinuca eleitoral “como se fosse a Terceira Guerra Mundial”.
“Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo”, afirmou ele na ocasião. “Na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela.”