Antigo aliado de Trump, Steve Bannon se declara culpado por fraude e escapa da prisão
Ultradireitista enfrentava acusações de fraude, lavagem de dinheiro e conspiração por esquema de arrecadação para construção de muro na fronteira com México

Antigo conselheiro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Steve Bannon se declarou culpado nesta terça-feira, 11, por fraude de doadores de uma campanha privada de arrecadação para a construção de um muro na fronteira com o México. Pelo acordo de confissão de culpa, ele escapará da prisão e cumprirá pena de três anos em liberdade condicional.
Bannon enfrentava uma série de acusações, que também incluíam lavagem de dinheiro e conspiração. Ele, no entanto, só se declarou culpado de fraude. A denúncia do Departamento de Defesa dos EUA apontou que Bannon e outras três pessoas lideraram um esquema de fraude contra centenas de milhares de doadores da campanha We Build the Wall (algo como “Nós Construímos o Muro”, em português), iniciada em 2018.
A promessa era de que o muro seria erguido em áreas privadas, nos arredores da divisa no Texas e Novo México. Ao todo, o grupo conseguiu arrecadar US$ 25 milhões (cerca de R$ 144 milhões na cotação atual). O ideólogo ultradireitista, segundo a acusação, se apresentou como “uma espécie de voluntário” da organização sem fins lucrativos. Os promotores afirmaram que, embora Bannon tenha dito que nenhum dos envolvidos receberia “nem um centavo”, o ex-consigliere de Trump desviou centenas de milhares de dólares para dois de seus associados.
“Esta resolução atinge nosso objetivo principal: proteger as instituições de caridade de Nova York e as doações de caridade dos nova-iorquinos contra fraudes”, disse o promotor público de Manhattan, Alvin Bragg, em comunicado.
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De aliado a demitido
Bannon já havia sido indiciado por um júri federal anteriormente. O processo, contudo, foi pausado com o perdão de Trump nas suas últimas horas como presidente, em 2021. Suposto chefe do esquema, o veterano da Força Aérea dos EUA Brian Kolfage se declarou culpado em abril de 2022 de acusações federais de fraude e evasão fiscal e está cumprindo uma sentença de mais de quatro anos de prisão.
O figurão da extrema direita assumiu protagonismo na primeira campanha de Trump à Presidência, em 2016. Com a vitória, assumiu o posto de estrategista-chefe da Casa Branco, cargo que permaneceu só até 2017, quando foi demitido por desavenças com Trump – o republicano chegou a declarar que Bannon “não só perdeu o emprego, como perdeu a cabeça”.
Os promessas do antigo braço direito de Trump não param no conluio de fraude. No ano passado, ele cumpriu quatro meses em uma prisão federal após ser considerado culpado de desacato ao Congresso em 2022. Na época, ele se recusou a responder à intimação do comitê que investigava o ataque ao Capitólio, ocorrido em 6 de janeiro, por trumpistas que contestavam o resultado da eleição que alçou o democrata Joe Biden à Presidência.
Bannon mantém laços com personalidades da ultradireita ao redor do mundo, incluindo a família Bolsonaro. Às vésperas da posse de Trump, ele participou de um encontro com políticos dessa linha ideológica. Lá estava o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), tido por Bannon como o futuro presidente do Brasil “em um futuro não tão distante”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, não pôde comparecer ao encontro e à posse por ter seu passaporte apreendido pela Polícia Federal (PF), por investigações relacionadas à tentativa de golpe em 2022.