Alemanha detém 190 em manifestação contra medidas de combate à Covid-19
Polícia usou canhões de água para dispersar manifestantes, convocados em maioria pelas redes sociais por grupos da extrema direita

Em Berlim, a polícia dispersou com canhões de água, nesta quarta-feira, 18, um protesto contra o uso de máscaras faciais e outras medidas restritivas contra a Covid-19. Os manifestantes, que se intitulam como “os livre pensadores”, acusavam o governo da chanceler Angela Merkel de criar uma “ditadura”. Segundo as autoridades, 190 pessoas foram presas.
A polícia justificou o uso dos canhões de água porque os cerca de 10.000 manifestantes se recusavam a deixar a Avenida 17 de Junho, que começa no Portão de Brandemburgo, no coração da cidade. Alguns manifestantes seguravam cartazes com frases como “Parem de mentir” e “Não à vacinação forçada”.
O protesto, convocado majoritariamente pelas redes sociais por grupos da extrema direita e negacionistas da ciência, ocorreu na mesma data em que o Parlamento estuda adotar uma reforma na legislação para adicionar uma bateria de medidas para combater a propagação do novo coronavírus. O país já vem adotando desde o início do mês medidas mais rígidas. Na internet, alguns opositores das medidas comparam a proposta com as políticas do ex-ditador Adolf Hitler.

As comparações despertaram a ira de alguns líderes políticos, principalmente do vice-chanceler Olaf Scholz e do ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas.
“Todos têm o direito de criticar as medidas. Nossa democracia vive da troca de opiniões diferentes. No entanto, quem minimiza ou relativiza o Holocausto não aprendeu nada com nossa história”, disse Maas. “A Lei nazista de Plenos Poderes minou a democracia. O que estamos fazendo hoje é o contrário. A arbitrariedade é excluída e a clareza jurídica é criada”, justificou o ministro pelo Twitter.

O protesto ocorre também em meio ao aumento no número de casos de Covid-19 na Alemanha e na Europa como um todo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de mortos pela doença somente no continente europeu cresceu 18% nos últimos sete dias, a maior cifra no mundo. Ao todo, a Alemanha soma 853.574 casos, incluindo 13.231 mortes.
As autoridades alemãs já haviam proibido a realização de manifestações em frente ao Reichstag, o edifício que abriga a Câmara dos Deputados (Bundestag), por medo de incidentes violentos. Em 7 de novembro em Leipzig, uma manifestação semelhante, reunindo mais de 20.000 pessoas, terminou em violência e gerou um acalorado debate sobre a permissão ou não de tais reuniões em meio a medidas coercivas de saúde. Outro protesto, em Frankfurt no sábado 14, também resultou em tumultos.