Alemanha adverte Xi Jinping a não enviar armas a Putin
O chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu para Pequim pressionar Moscou a retirar suas forças do território ucraniano

O chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu nesta quinta-feira, 2, à China para não enviar armas para ajudar a guerra da Rússia na Ucrânia. O líder alemão orientou que, ao invés, Pequim pressione Moscou para retirar suas forças do território ucraniano.
Em um discurso ao parlamento alemão, Scholz disse estar decepcionado com o fato de Pequim ter se abstido de condenar a invasão russa, embora tenha saudado seus esforços para reduzir uma aparente escalada nuclear do conflito.
“Minha mensagem para Pequim é clara: use sua influência em Moscou para exigir a retirada dos soldados russos”, disse o chanceler da Alemanha. “E não entregue nenhuma arma ao agressor, a Rússia.”
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A parceria militar entre Moscou e Pequim se fortaleceu ainda mais depois que o presidente Putin enviou suas tropas para a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
A China se recusa a criticar veementemente a invasão perpetrada por Moscou, culpando os Estados Unidos e o Ocidente por provocações e criticando as sanções impostas contra a Rússia. Moscou, por sua vez, é forte defensora da reivindicação chinesa sobre a ilha de Taiwan, que Pequim entende como sua por direito.
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Em setembro, o secretário do Conselho de Segurança Nacional da Rússia, Nikolai Patrushev, declarou que o Kremlin planeja fortalecer os laços com a China, descrevendo Pequim como uma prioridade incondicional da política externa de Moscou.
O gabinete de Patrushev disse em um comunicado após as negociações na cidade de Nanping que as partes concordaram em “expandir as trocas de informações sobre o combate ao extremismo e tentativas estrangeiras de minar a ordem constitucional de ambos os países”.
Em novembro, bombardeiros da Força Área Russa e bombardeiros chineses voaram juntos sobre o Mar do Japão e o Mar da China Meridional. Como parte do exercício, os aviões russos pousaram na China pela primeira vez, assim como os chineses, que voaram para uma base aérea na Rússia.
No âmbito comercial, enquanto boa parte do Ocidente se afasta da Rússia e impõe sanções pela invasão à Ucrânia, Moscou e Pequim registraram crescimento bilateral. Hoje, a Rússia é o maior fornecedor de petróleo à China. Os dois países chegaram a inaugurar em junho uma ponte transfronteiriça no Extremo Oriente, como parte da parceria “sem limites” anunciada antes da guerra.
A ponte liga a cidade russa de Blagoveshchensk à cidade chinesa de Heihe, através do rio Amur, conhecido na China como Heilongjiang. Ela tem pouco mais de um quilômetro de extensão e custou 19 bilhões de rublos (RS$ 1,7 bilhão), informou a agência estatal de notícias russa RIA.
“No mundo dividido de hoje, a ponte Blagoveshchensk-Heihe entre a Rússia e a China carrega um significado simbólico especial”, disse Yuri Trutnev, representante do Kremlin no Extremo Oriente russo.