AIEA abre fórum sobre armas nucleares no Oriente Médio
Irã boicotou o evento pela "falta de imparcialidade" do diretor da agência
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) inaugurou nesta segunda-feira em Viena um novo fórum com o objetivo de encontrar meios para a criação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio. A reunião, que acontecerá até terça-feira, conta com a participação dos países-membros da organização, mas com especial enfoque nas 19 nações do Oriente Médio. O grande ausente é o Irã, que já havia anunciado seu boicote ao evento pelo que chama de “falta de imparcialidade” do diretor-geral do órgão, o japonês Yukiya Amano, que o convocou.
O objetivo do fórum é fazer com que os países do Oriente Médio aprendam com as zonas livres de armas nucleares já existentes, como as da América do Sul, Pacífico Sul e Ásia Central. Os países árabes insistem há anos para que Israel, que possivelmente dispõe de um arsenal atômico, integre o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).
Com a criação de uma zona livre de armas nucleares, a AIEA espera convencer o estado judeu a dar esse passo, o que, no entanto, parece pouco provável em meio à crescente preocupação sobre as atividades nucleares do Irã. O último relatório da AIEA sobre o Irã afirmou que existem indícios de que o país está desenvolvendo uma bomba atômica, o que o regime de Teerã nega.
Discurso – Em seu discurso de abertura, Amano expressou nesta segunda-feira seu desejo de que os debates no fórum sejam “criativos e construtivos e que não repitam posições conhecidas há muito tempo”. Amano se referia às acusações mútuas entre Israel e os países árabes que tornaram impossível, há décadas, o avanço na criação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio.
Enquanto os países árabes dizem se sentir ameaçados pelo arsenal nuclear de Israel, o estado judeu alega que enquanto não for aceito por seus vizinhos e não existir um acordo de paz geral não poderá assinar o TNP. Israel nunca confirmou nem desmentiu a existência de seu arsenal nuclear, mas analistas internacionais estimam que o país tenha até 200 bombas atômicas, produzidas com a ajuda de países como Estados Unidos, França e África do Sul nas décadas de 1960 e 1970.
Encontro – O fórum desta segunda-feira surgiu de uma resolução adotada pela Conferência Geral da AIEA em 2000, que fez um apelo a uma reunião desse tipo. No entanto, até o momento, as condições na região tornaram impossível a convocação desse encontro. Não haverá um documento final do fórum, mas seu presidente, o embaixador norueguês na AIEA, Jan Petersen, apresentará amanhã um sumário dos debates realizados. O encontro pretende criar as condições necessárias para realizar uma conferência de alto nível sobre o mesmo assunto, prevista para 2012 na Finlândia, da qual só participarão os países do Oriente Médio.
(Com agência EFE)