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Água na fervura: um ano difícil tanto para Biden quanto para Xi

Enquanto o americano está de mãos cada vez mais amarradas por um Congresso hostil, o chinês lutou para sair do buraco da pandemia

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 dez 2023, 09h29 - Publicado em 22 dez 2023, 06h00

Na renhida disputa dos poderosos por influência, a banda oriental do planeta, neste 2023 que se vai, fincou fundo as garras num rol crescente de países sobre os quais exerce sua influência. A importância da China e de Xi Jinping, seu líder inconteste, foi marcada pela promessa de adicionar ao Brics, grupo das principais economias emergentes — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, seis novos membros, com outros dezessete na fila. O processo de expansão enquadra-se no plano de Xi para liderar o mundo em desenvolvimento no confronto com o que chama de “hegemonia americana”, de forma a rivalizar verdadeiramente com o G7 e outras instituições dominadas pelos Estados Unidos de Joe Biden. Nesse embate de gigantes, a rixa entre os dois líderes se arrastou pelo ano inteiro, com picos de hostilidade, como a descoberta de um balão espião chinês que sobrevoou a América do Norte até ser abatido sobre o Oceano Atlântico. Da mesma forma que Xi procurou cooptar tradicionais aliados americanos, Biden engajou sua diplomacia no estreitamento de laços com Austrália, Vietnã e outros países no entorno de Pequim. O clima de bate-­rebate esquentou a tal ponto que os dois líderes decidiram se reunir frente a frente em novembro, durante uma reunião de cúpula de nações do Pacífico na Califórnia, para, segundo eles mesmos, dar chance ao diálogo.

Tanto Biden quanto Xi tiveram um ano difícil, com o americano de mãos cada vez mais amarradas por um Congresso hostil e uma candidatura sem brilho à reeleição e o chinês lutando para sair do buraco da pandemia. Depois de emergir como reluzente protagonista da economia global, com crescimento meteórico (14,2% em 2007), o dragão chinês perdeu parte do poder de fogo. Em 2022, o PIB avançou apenas 3% — o pior desempenho em quase cinco décadas. Neste ano, em meio a preocupações com o consumo estagnado, tanto importações quanto exportações caíram. O FMI revisou para cima a projeção de crescimento do PIB chinês em 2023, de 5% para 5,4%, mas o cenário inspira cuidados. Rivais em tudo, Estados Unidos e China estão unidos na preocupação com o futuro.

Publicado em VEJA de 22 de dezembro de 2023, edição nº 2873

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