Aeroporto de Munique reabre após novo incidente com drones em país da Otan
Rússia nega estar por trás de incursões que violaram espaço aéreo da Dinamarca, Estônia e Noruega; UE fala em criar 'muro anti-drones'

O aeroporto de Munique, capital da Baviera, reabriu na madrugada desta sexta-feira, 3, após avistamentos de drones sobrevoando as instalações na noite anterior forçarem o controle de tráfego aéreo a suspender as operações. O incidente na Alemanha ocorreu em meio a uma série de incursões de drones em países europeus, que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a União Europeia atribuem à Rússia.
Ao menos 17 voos foram cancelados, afetando quase 3 mil passageiros na véspera de um feriado nacional. Outros 15 voos que pousariam no Aeroporto Internacional de Munique foram desviados para Stuttgart, Nuremberg, Viena e Frankfurt, informaram as autoridades em um comunicado. Na semana passada, uma situação semelhante afetou temporariamente aeroportos na Dinamarca e na Noruega. Ambas nações, bem como a Alemanha, são membros da Otan.
Nesta sexta, o primeiro-ministro da Baviera, Markus Söder, engrossou o coro dos apelos pelo fortalecimento das defesas aéreas da Alemanha. Em entrevista ao jornal local Bild, ele defendeu que “nossa polícia deve ser capaz de abater drones imediatamente”, em vez de ter que “esperar”.
O líder do partido conservador União Social-Cristã (CS), Söder acrescentou que a questão será discutida durante a reunião do gabinete da Baviera na próxima terça-feira, 7, e um projeto de lei será acelerado para alterar as regulamentações sobre o abatimento de aeronaves não tripuladas.
“Nossa infraestrutura deve permanecer funcional o tempo todo. Precisamos de soberania sobre nosso espaço aéreo”, disse ele ao Bild após os avistamentos de drones sobre o aeroporto de Munique na noite passada.
Escalada
O episódio ocorreu num momento de escalada de tensões entre a Rússia e a Europa. Nas últimas semanas, ondas de drones que foram identificados como russos, ou que suspeita-se virem do país, invadiram o espaço aéreo de Estados-membros da Otan, como a Polônia, Estônia e Dinamarca. O tema foi o foco de uma reunião do Conselho Europeu em Copenhague sobre a segurança do continente nesta semana.
Países europeus estudam a criação de um “muro de drones” para impedir novas incursões, e avaliam abater as aeronaves não tripuladas — o que Moscou já afirmou considerar uma violação tremenda. Nesse contexto, a premiê dinamarquesa, Mette Frederiksen, afirmou que “a Europa vive o momento mais difícil e perigoso desde a Segunda Guerra Mundial”.
Na quinta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou a Europa de alimentar uma histeria militar contra seu país, dizendo que não tem interesse em atacar mesmo que “todos os países da Otan estejam lutando conosco”. Ele reiterou, porém, que a Rússia vai responder “sem hesitar” se provocada.
“As elites da Europa unida continuam a fomentar a histeria. Acontece que a guerra com os russos está quase no ponto de não retorno. Eles repetem esse absurdo, esse mantra, indefinidamente”, disparou. “Sinceramente, eu só quero dizer: acalmem-se, durmam em paz e cuidem dos seus próprios problemas. Basta observar o que está acontecendo nas ruas das cidades europeias.”
Ele acrescentou: “Se alguém ainda deseja competir conosco na esfera militar, como dizemos, sinta-se à vontade, deixe-o tentar. As contramedidas da Rússia não tardarão a chegar.”