À sombra de ameaça russa, Lituânia anuncia treinamento de crianças para uso de drones
Nove centros de treinamento serão inaugurados nos próximos três anos, como uma forma de se preparar contra uma possível ofensiva de Moscou

A Lituânia anunciou um plano para ensinar 22 mil pessoas, incluindo crianças de até 8 anos, a construir e operar drones. O objetivo é construir nove centros de controle de veículos aéreos não tripulados para “expandir o treinamento de resistência civil”. A declaração foi dada na terça-feira, 12, pelo Ministério da Defesa do país, num momento em que a guerra na Ucrânia acende um alerta na Europa para a ameaça russa.
“Planejamos que 15.500 adultos e 7 mil crianças adquiram habilidades de controle de drones até 2028. Em setembro, abriremos centros de controle de drones em Jonava, Taurage e Kedainiai, e abriremos mais seis centros de treinamento de drones em outras regiões da Lituânia até 2028”, disse a ministra da Defesa, Dovile Sakaliene.
O nível de orientação e acesso a equipamentos irá variar a depender da faixa etária dos jovens. Crianças entre 8 e 10 anos aprenderão a construir e pilotar drones simples, enquanto alunos do Ensino Médio vão ser ensinados a projetar e fabricar peças para os equipamentos, além de treinarem com drones avançados.
Fruto de uma parceria entre os ministérios da Defesa e Educação, os jovens serão orientados pela Agência Lituana de Educação Não Formal, enquanto os adultos receberão treinamento por parte do Sindicato dos Fuzileiros Lituanos.
No total, Vilnius planeja gastar mais de 3 milhões de euros (R$ 18,95 milhões, na cotação atual) em equipamentos de combate, incluindo sistemas de controle e transmissão de vídeo, drones com visão em primeira pessoa, e um aplicativo móvel para treinamento. Recentemente, o país reforçou sua vigilância aérea e capacidade antidrones após dois veículos aéreos russos entrarem em território lituano no mês de julho.
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Tensões crescentes
A Lituânia faz fronteira com o enclave russo de Kalinigrado e com Belarus, nação aliada de Moscou. A iniciativa do governo ocorre em meio ao estado de alerta no qual os estados bálticos se encontram após a invasão em larga escala da Ucrânia promovida pela Rússia.
Recentemente, a Estônia expulsou um diplomata russo de seu território, justificando a ação como uma interrupção da “interferência contínua” do regime de Vladimir Putin nos assuntos de Tallinn. “O diplomata em questão esteve direta e ativamente envolvido em minar a ordem constitucional e o sistema legal da Estônia”, afirmou o ministro das relações exteriores, Margus Tsahkna.