A reação nada ‘eco-friendly’ da Coca-Cola às tarifas de Trump
Rotulada 'maior produtora global de plástico' por seis anos consecutivos, empresa pode reverter uso de latas de alumínio na venda do refrigerante

O presidente-executivo da Coca-Cola, James Quincey, disse nesta quarta-feira, 12, que a marca pode optar por vender mais bebidas em garrafas plásticas nos Estados Unidos caso as tarifas impostas pelo presidente americano, Donald Trump, tornem as latas de alumínio mais caras. A declaração ocorre após o republicano anunciar taxas de 25% sobre todo o aço e alumínio que for importado pelo país.
“Se uma embalagem sofrer algum aumento nos custos de insumos, continuaremos a ter outras ofertas de embalagens que nos permitirão competir no espaço de acessibilidade”, afirmou ele. “Por exemplo, se as latas de alumínio ficarem mais caras, podemos dar mais ênfase às garrafas PET [plásticas]“.
Apesar do alerta, Quincey explicou que a embalagem é um pequeno componente dos custos da Coca-Cola. Rotulada “maior produtora global de plástico” por grupos ambientalistas por seis anos consecutivos, a empresa tem adotado o alumínio, no lugar das garrafas PET, como forma de melhorar a imagem da empresa no quesito sustentabilidade. Embora tenham um preço mais elevado, as latas são muito mais recicláveis. Agora, com a nova política de Trump, as decisões da marca podem ser revertidas, aumentando a poluição plástica.
O tarifaço afetará, em maior peso, Canadá, México e o Brasil – principais exportadores de aço para os EUA, de acordo com dados comerciais do governo americano. Metade de todo o aço brasileiro exportado tem os EUA como mercado, totalizando US$ bilhões de dólares em vendas. Dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos mostram que o país importa quase metade do alumínio utilizado.
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Retorno dos canudos de plástico
Na segunda-feira, 10, Trump assinou um decreto que incentiva o uso de canudos de plástico, na contramão da postura adotada pelo seu antecessor, o ex-presidente Joe Biden. Dias antes, o republicano havia usado a sua rede social, a Truth, para reforçar a resistência do Partido Republicano a iniciativas ambientais. “DE VOLTA AO PLÁSTICO!”, escreveu Trump, criticando os papel, que, segundo ele, “não funcionam”.
A medida de Biden, anunciada no ano passado, fazia parte de um relatório de 83 páginas elaborado pelo Conselho de Qualidade Ambiental da Casa Branca. O documento recomendava ações mais rigorosas para reduzir o consumo de descartáveis nos prédios do governo federal, o maior comprador mundial de bens de consumo.
De acordo com o relatório, mais de 90% do plástico é derivado de combustíveis fósseis, que, quando queimados, liberam grandes quantidades de dióxido de carbono, alimentando as mudanças climáticas.