A reação do irmão de Leão XIV à sua eleição como papa
John Prevost falou com carinho do caçula, a quem chama pelo apelido Rob, e contou sobre suas conversas por telefone antes do conclave
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Atualizado em 9 Maio 2025, 12h25 - Publicado em 9 Maio 2025, 10h01
Irmão mais velho do novo papa Leão XIV, John Prevost, 71 anos, sabia que havia chances de ver o caçula assumindo a liderança da Igreja Católica. Quando seu nome foi anunciado da sacada da Basílica de São Pedro na quinta-feira 7, porém, ele ainda sentiu “choque”.
“Foi um momento chocante. Eu estava no telefone com uma sobrinha e não conseguíamos acreditar. Depois o celular e o telefone de casa enlouqueceram”, disse John, um professor e diretor de escola aposentado, à imprensa americana.
Ele conversou com veículos dos Estados Unidos na tarde de quinta, em sua casa em New Lenox, de 27 mil habitantes, a 64km do centro de Chicago. Foi lá perto que nasceu Robert Francis Prevost, o Leão XIV, primeiro papa americano – embora ele tenha sido “adotado” pelos latino-americanos devido aos vinte anos que passou vivendo no Peru, onde se naturalizou cidadão.
Para seu irmão mais velho, o pontificado vindouro será uma continuação do legado do falecido papa Francisco.
“A melhor maneira de descrevê-lo agora é que ele seguirá os passos de Francisco”, disse ele. “Os dois eram muito bons amigos. Eles se conheciam antes de ele ser papa, antes mesmo de meu irmão ser bispo.”
Segundo John, o novo papa, a quem ele costuma chamar pelo apelido Rob, “tem um grande, grande desejo de ajudar os oprimidos e os marginalizados, as pessoas que são ignoradas”.
Também o caracterizou como uma pessoa “simples” (“Ele não vai sair para um jantar de 19 pratos”) e uma espécie de “meio campo” entre progressistas e conservadores (“Não acho que veremos extremos de qualquer maneira”). Mas, disse ele, seu irmão não teria medo de usar essa nova plataforma e “não ficará quieto por muito tempo se tiver algo a dizer”.
“Sei que ele não está feliz com o que está acontecendo com a imigração. Sei disso com certeza. Até onde ele irá é apenas uma incógnita, mas ele não vai ficar parado. Não acho que ele ficará em silêncio”, declarou, referindo-se às críticas do então cardeal Robert Prevost à administração de Donald Trump e suas deportações em massa. Nos anos no Peru, ele trabalhou muito com imigrantes da diáspora Venezuelana, que fugiram da perseguição e crise econômica no país.
Conversas pelo telefone
John contou que costumava falar por telefone com o irmão todas as noites, mas, por óbvio, não entrava em contado desde o início do conclave, processo secretíssimo em que os cardeais católicos se enclausuram na Capela Sistina para eleger um novo papa.
No sábado anterior ao início do conclave, depois que um dos padres de sua igreja local comentou que “não tinha dúvidas” de que o novo pontífice seria seu irmão, John telefonou a Robert para contar da conversa. “Ele disse: ‘De jeito nenhum, não vai acontecer'”, lembrou.
Segundo falou à emissora NBC Chicago, ele também conversou sobre amenidades e fez algumas piadas, para desanuviar a cabeça do caçula. “Eu disse: ‘Bem, você está pronto para isso? Você assistiu ao filme Conclave para saber como se comportar?'”.
John continuou: “E ele tinha acabado de assistir, então ele sabia como se comportar. Então é esse tipo de coisa, porque eu queria distraí-lo, fazê-lo rir de alguma coisa, porque agora isso é uma responsabilidade incrível”.
Segundo o irmão, os dois também aproveitaram para jogar jogos como “Wordle” e “Words with Friends” juntos. “Para distrair a mente dele da vida no mundo real”, explicou.
Ele também quis esclarecer: o novo papa não é fã da equipe de beisebol Chicago Cubs, como começou a circular por aí, mas sim do White Sox.
Infância
Os irmãos cresceram em Dolton, Illinois, nos arredores de Chicago, e frequentaram a igreja e a escola na Paróquia de Santa Maria da Assunção, na zona sul de Chicago. Seu pai, Louis Prevost, era superintendente escolar e sua mãe, Mildred Prevost, era bibliotecária, e profundamente envolvida na vida paroquial. Além de John e Robert, há um terceiro irmão, chamado Louis, como o pai, um militar aposentado que agora mora na Flórida.
“(Nossos pais) Estariam nas nuvens. Absolutamente incrível. Você nem poderia sonhar com isso”, disse John sobre a eleição do irmão.
O que viria a ser papa deixou Illinois para cursar o ensino médio em Michigan e a faculdade na Pensilvânia, mas retornou ao seu estado natal para fazer pós-graduação e lá ocupou vários cargos na Ordem Agostiniana, a qual ingressou. Depois, Leão XIV passou grande parte de sua carreira no Peru.
“Tivemos uma infância normal. É um pouco estranho, mas, desde crianças, todos os três sabíamos o que gostaríamos de fazer. Rob sabia que se tornaria padre desde que começou a andar. Um vizinho uma vez disse que ele viraria papa um dia”, afirmou John.
Quando questionado se seu irmão havia expressado o desejo de ser papa, John respondeu que era algo que, inicialmente, ele “absolutamente” não queria. Mas depois a lógica mudou, e ele começou a pensar que, se fosse “a vontade de Deus, então lidaria com isso”.
O irmão mais velho afirmou ainda que, quando finalmente conseguir falar com o caçula, planeja perguntar o que ele vai fazer para relaxar e se algum dia realmente se ausentaria do trabalho. Também disse que espera vê-lo em Roma, mas ainda não sabe como isso vai funcionar.
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