A origem da “Esfera Niemeyer”
VEJA entrevistou Ludwig Koehne, o dono da fábrica em Leipzig, na Alemanha, que abriga uma obra póstuma do grande arquiteto modernista
Como foi a aproximação do senhor com Oscar Niemeyer? Já há dez anos tínhamos a intenção de transformar o restaurante da cantina para almoço da fábrica Kirow/HeiterBlick, em Leipzig, em um local onde também se pudesse jantar. A idéia era ter um pequeno pavilhão no telhado que permitisse atividades noturnas como festas etc. Para nós, como empresa que produz guindastes para as ferrovias e trens, o bem-estar de nossa equipe tem um papel decisivo na política da empresa. Temos um bom chef que prepara refeições frescas todos os dias. Tivemos que manter a vida interessante para o chef, para que ele não tivesse a idéia de nos deixar… Nos aproximamos de Oscar Niemeyer com essa idéia e ele voltou para nós com o espetacular projeto de uma bola pairando sobre o prédio de tijolos vermelhos da cantina. Ficamos muito emocionados com o rascunho. É um símbolo forte para um futuro brilhante.
O que há de mais extraordinário na “Esfera Niemeyer”? Para nós, a coisa mais extraordinária da estrutura é sua beleza, combinada com seu impacto social. Já temos muito interesse de moradores e turistas. As pessoas entendem que este projeto conectará e integrará a fábrica no tecido da cidade. É um pequeno edifício com um enorme efeito.
Qual foi a maior dificuldade da construção? Não foi fácil encontrar engenheiros estruturais capazes de calcular a complicada estrutura assimétrica. Um desafio ainda maior foi encontrar uma empresa que realmente construísse a estrutura com alta qualidade e custo razoável. O maior desafio de todos foi encontrar uma empresa que pudesse fazer o vidro especial. A linha de produção desse novo tipo de vidro foi implantada apenas em 2019, dois anos depois do início da obra. Agora estamos muito ansiosos para concluir a construção nos próximos meses. Uma grande inauguração acontecerá, mas somente depois de superada, globalmente, a pandemia. Quem sabe, na próxima primavera europeia.
Os vidros, em particular, são realmente um salto tecnológico? Sim. Utilizamos vidro com tecnologia de cristal líquido fabricado pela Merck, que pode ser alternado de 50% a 2% da transmissão de luz em menos de um segundo como tecnologia de sombreamento. Isso evita o brilho e reduz consideravelmente o consumo de energia do ar condicionado. O vidro é certamente um grande passo à frente.
O que significa para Leipzig, do ponto de vista urbano e histórico, ter um trabalho póstumo de Niemeyer? O povo de Leipzig sente-se muito orgulhoso e honrado por ter recebido um edifício do grande artista Oscar Niemeyer. Os cidadãos estão plenamente conscientes de que é um presente excelente e muito especial. Podemos observar muitos visitantes com uma reação entusiasmada, uau!, ao ver o edifício. A “Esfera Niemeyer” já está no mapa, e até a rua em que está localizada foi renomeada recentemente para Niemeyer Street pela prefeitura.