A nova forma de viajar, enquanto a vacina não chega
Cidades em diversas partes do mundo planejam a reabertura para turistas e métodos seguros para receber visitantes em meio à pandemia de coronavírus
Enquanto a vacina para a Covid-19 não chega, cidades em processo de reabertura começam a se preparar para a volta do turismo. No fim de semana de 11 e 12 de julho, o parque temático da Disney na Flórida, o epicentro da pandemia nos Estados Unidos, reabriu — ação que foi alvo de polêmicas. Em outros lugares onde medidas de flexibilização para receber estrangeiros entraram em vigor, há avanços que podem definir como será o turismo no pós-pandemia. Na Espanha, as Ilhas Canárias lançaram um projeto piloto, apoiado pela Organização Mundial do Turismo, para testar a eficácia de um aplicativo que contém informações médicas dos turistas. Ao chegar e sair do destino paradisíaco, as pessoas serão testadas para a Covid-19. Em Portugal, o governo criou o selo Clean and Safe para estabelecimentos que se adequarem aos novos protocolos de higienização e segurança. Praias na Itália, antigo epicentro da crise na Europa, voltaram a receber visitantes, mas a regra é que o distanciamento de mais de 1,5 metro entre guarda-sóis seja respeitado. Mesmo sem a cura ou imunização, há soluções que permitem retomar a vida fora de casa. No Brasil, algumas regiões — é o caso de São Paulo — registram mais de 120 dias de quarentena. A necessidade de um escape, dentro de todas as recomendações de segurança, é mais do que natural.
A ambição é aperfeiçoar o setor para o que virá depois da pandemia. “Com a preferência por viagens de até 500 quilômetros, o chamado turismo de proximidade poderá se expandir nos próximos anos e ser uma das apostas para a retomada econômica”, diz o secretário estadual de Turismo de São Paulo, Vinicius Lummertz. Em Trancoso, uma das principais praias de Porto Seguro, na Bahia, os proprietários da Pousada Mata N’Ativa vão além das exigências locais para a reabertura. “O check-in será virtual, o hóspede nos avisará sobre as preferências para o café da manhã e a mala passará por uma esterilização antes de ser levada ao quarto”, diz um dos sócios da pousada, Daniel Victor Santos. “As pessoas estão carentes de viagens. É o que falam quando ligam para perguntar se voltamos a funcionar.” A expectativa é que Trancoso retome as atividades turísticas a partir de 31 de julho. Para a professora e pesquisadora em lazer e turismo da Universidade de São Paulo Mariana Aldrigui, o sucesso dependerá do comportamento dos próprios turistas. “As pessoas precisam seguir as orientações e protocolos de segurança”, afirma. Se todos colaborarem, a retomada será para valer, o que é ótimo para a economia e melhor ainda para os viajantes.
Publicado em VEJA de 29 de julho de 2020, edição nº 2697
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